quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Primeiro o cargo. Depois a capacidade

   A disputa por cargos nas administrações municipais movimenta os bastidores tanto quanto a disputa por votos, em outubro. Direções de escolas, coordenação de grupos assistenciais, secretarias, departamentos, enfim, todas as funções são “objetos de desejos” partidos e militantes. Negociações esdrúxulas entre partidos e eleitos acomodam o máximo de amigos dentro das repartições públicas. Em muitos municípios, houve mais promessa de emprego do que cargos existentes. 
   O maior problema – entre tantos – é que a última preocupação é com a qualidade do serviço a ser prestado. Bons captadores de votos são colocados em funções estratégicas e relevantes sem ter o mínimo de conhecimento técnico ou experiência. Entra e sai governo, e os cabides de emprego se multiplicam. Seus desempenhos se preveem ineficientes e acachapantes. 
   Muitos prefeitos têm dificuldades de administrar brigas entre os partidos, que lutam pelos cabides com fervor. Sobressai o amadorismo e a política do aproveitamento e falta atender a missão maior dos administradores públicos: trabalhar pelo desenvolvimento coletivo e ordenado da sociedade.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Lula viajou para não falar

   Acusado de receber dinheiro no esquema do Mensalão e envolvido diretamente na Operação Porto Seguro, o ex-presidente Lula deve um esclarecimento para a sociedade brasileira, que por oito anos lhe deu aval para governar o país. Deixou a presidência, em 2009, com um índice recorde de aprovação e popularidade, mas agora, quando evidências põem tudo em xeque, Lula vai a Paris, e se cala.
   Outrora, alegava “não saber de nada”, quando era citado em escândalos de corrupção. Esta semana, limitou-se a dizer que são “mentirosas” as declarações de Marcos Valério, sobre sua autorização e consentimento em todo os arrojos do Mensalão. As acusações de Valério, condenado a 40 anos de cadeia, perdem em credibilidade, pois na época do seu julgamento ele ficou quieto. Mesmo assim, exigem respostas e investigações.


   Na Operação Porto Seguro, Lula está ainda mais “enrolado”. Gravações colocam o ex-presidente como amante de Rosemary Nóvoa Noronha. Ela viajava na cabine presidencial do Aerolula sem aparecer na lista de passageiros. Não bastasse, Rosemary influenciava nas nomeações de cargos no governo, conseguia favores e tinha as “portas abertas” no Planalto, o que acabou numa mistura intragável do público e privado.
   O melhor diante de tantos escândalos é que temos no Supremo Tribunal Federal, um presidente como Joaquim Barbosa, corajoso e irredutível, contra falcatruas, roubalheiras e fraudes. Ele carrega a esperança de justiça que tanto nos falta. Que não lhe falte coragem e discernimento para punir quem ignora as leis e usa o dinheiro público como se fosse dinheiro de bolso.

Por falar em escândalo...

   Terá muito para dizer e tentar explicar o prefeito de Colinas, Gilberto Keller (PMDB), após as suspeitas de fraude no SUS, em seu governo. A comunidade o aguarda ansiosa da viagem que fez aos Estados Unidos, de onde antecipou o retorno para hoje. Sua aprovação nas urnas, em outubro, quando se reelegeu com mais de 70% dos votos, está ameaçada. 
Líder do partido e nome forte para concorrer à Assembleia Estadual em 2014, Keller põe em dúvida um governo reconhecido em Colinas e respeitado em toda a região.

Buracos sem dono e às escuras

   As duas principais rodovias, BR-386 e ERS-130, nos trechos urbanos de Lajeado, estão tomadas por buracos e desníveis. Entra e sai ano, trocam-se governos, repetem-se discursos e o impasse quanto a responsabilidade de manutenção dos locais entre Sulvias, Dnit, Daer e Governo de Lajeado permanece. 
   Os trajetos são os de maior tráfego na região e estão cercados por quatro pedágios. Esburacados, mal sinalizados e sem iluminação, os usuários estão expostos ao perigo. Um desdém completo dos políticos que deveriam zelar pela segurança da população, mas insistem com abandono e desleixo.
   Aplausos ao prefeito de Estrela, que após muita insistência, venceu a burocracia exagerada dos órgãos governamentais e conseguiu instalar postes de iluminação às margens da BR-386, no trecho compreendido em seu município. A diferença é “gritante” para quem cruza a ponte sobre o Rio Taquari.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Secretarias viram cabides de emprego

   A definição da equipe de governo nas administrações públicas sempre alimenta expectativas e renova entusiasmo na sociedade. Mesmo descrentes, os eleitores mantêm minúscula esperança nas promessas eleitorais. Este ano, não é diferente.
   A primeira missão de um prefeito é pensar na evolução coletiva da sociedade, trabalhar para melhorar a renda, saúde, educação, segurança e a qualidade de vida das pessoas. Para corresponder, um grupo de profissionais capacitados e responsáveis é indispensável.    Escolher os secretários é tarefa número 1, em que se alia (deveria, pelo menos) o conhecimento técnico/teórico com a afinidade partidária e política.   Quem acompanha as definições dos novos secretários pelos municípios do Vale comprova diferenças gritantes – quase paradoxais. A junção das habilidades teóricas e partidárias cede espaço para um “cabide de emprego”, em que partidos políticos acomodam pessoas e cargos a partir de alianças firmadas durante a campanha eleitoral. Suas condições de gerir secretarias são preteridas por amizades e apadrinhamento.   A maioria dos prefeitos da região definiu os nomes do alto escalão de governo. Surpresas positivas são notáveis. Mas, na mesma intensidade percebe-se total falta de habilidade, conhecimento e capacidade de determinados escolhidos para comandar setores como indústria e comércio, esporte e lazer, agricultura e outros, tão relevantes para garantir uma gestão eficiente e sustentável.   Sobressai-se um amadorismo enraizado que atrapalha os desempenhos de gestões públicas. Partidos e grupos de apoio não deveriam impor nomes e lotear a administração municipal. Deveriam impor vetos e soar alarmes, sempre que o prefeito cogitar nomeação de um desonesto ou despreparado. Secretários nomeados por pressão política ou familiar tendem a privilegiar tais grupos e enlameiam a administração municipal.   A escolha de secretários, quando equivocada, gera descontinuidade entre as gestões e semeia desconforto. Secretários que atuam como arautos partidários ou “quebra-galhos” de amigos desmotivam o quadro funcional e comprometem a qualidade. Cargos comissionados, portanto, não deveriam ser presentes a amigos nem objetos de barganha entre grupos políticos.

  Subsídios incompatíveis

   Pelas funções e responsabilidades, convém reconhecer que o subsídio pago aos secretários municipais na maioria das cidades está aquém do necessário. Pasmem, pois em muitos, os valores equivalem-se aos recebidos pelos vereadores, o que é um total contrassenso.
   Essa desvalorização do cargo alvoroça os comandantes de partidos a acomodar os mais habilidosos politicamente e impede (pois os acordos foram preestabelecidos) o prefeito de escolher quem irá compor seu quadro com base na experiência e no conhecimento. Enquanto permanecer este amadorismo impregnado, será difícil qualificar os altos escalões nos executivos.

  A propósito

   Nem todas as cidades são iguais. Em Westfália, por exemplo, o prefeito teve dificuldades para compor as cinco secretarias. Dois atuais preferiram deixar o cargo para voltar às atividades privadas e fizeram o prefeito lançar sucessivos convites a líderes locais, indiferentemente de partido. Um exemplo de que não é necessário, como muitos pregam, combinar empregos antes de chegar ao poder. Está aí, talvez, um dos motivos para o município ser destaque no Índice de Desenvolvimento Humano no país, motivado por uma eficiente gestão pública.



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

R$ 5 milhões por NOSSA conta


   Era só o que faltava. O povo brasileiro terá que arcar com R$ 5 milhões para quitar a dívida de Imposto de Renda não recolhido sobre o 14º e 15º salários dos senadores nos últimos cinco anos. Não bastasse receberem o benefício, que é ultrajante, senadores decidiram quitar a conta com dinheiro público. No valor de R$ 26,7 mil cada, os salários extras foram pagos aos políticos no período de 2007 a 2011. 
   Os nobres representantes do povo alegam que não lhes cabe o pagamento porque o erro foi da Receita Federal em não cobrar no prazo adequado. Ora, receberam os salários extras e não querem pagar imposto sobre o valor. Quanta hipocrisia, destes, que deveriam ser o exemplo de cidadania para o país.  
   Até ontem, 46 senadores prometeram que pagarão o valor com dinheiro pessoal. Quem sabe a coerência da metade não sensibilize os demais a recuar dessa decisão injusta e sem vergonha. 

  A propósito
   Maciça maioria dos trabalhadores brasileiros recebe no máximo o 13º salário. Em boa parte das vezes, parcelado porque empresas e órgãos públicos não conseguem arcar com o valor numa “tacada” só. Isso só contribui para aumentar o desgosto e desprezo em relação à atitude dos nossos senadores. 

Ambulantes só aumentam

 Além dos ambulantes lojistas também desrespeitam o código de postura municipal ao invadir ruas com produtos, como a Júlio de Castilhos  
  
  Lajeado parece um shopping a céu aberto em determinados momentos do dia. Frutas, verduras, flores, óculos de sol, cintos, cadeiras, mesas, roupas, redes, relógios, doces e por aí vai. Tudo se encontra ao caminhar pelas ruas da cidade. Os dois fiscais contratados pela administração municipal são insuficientes para coibir a atuação irregular. Cerca de 30 pagam alvará para atuar, mas uma lista igual senão maior trabalha na clandestinidade. Contentam os consumidores porque vendem os produtos pela metade ou menos do valor dos mercados. 
   Por outro lado, criam uma concorrência injusta e desleal com comerciantes, que pagam impostos, aluguel, funcionários e toda tributação exigida. Pela força do comércio lajeadense é adequado que se reforce a fiscalização e impeça a atuação dos irregulares. Uma incursão da vigilância sanitária é bem-vinda, pois produtos perecíveis, que necessitam de climatização específica viram varejo comum em meio a melancias, rosas, morangos e abacaxis. Os anos passam, e o imbróglio só aumenta.


   Autonomia sem comentários
   Os vereadores de Lajeado aprovaram ontem o projeto que define o orçamento municipal em R$ 180 milhões para 2013. O percentual da livre movimentação ao prefeito, que rendeu discussões durante todo o ano e foi diminuído de 7% para 2%, em 2012, sequer foi discutido.    Oposição e situação balizaram os 10% sugeridos pelo Executivo. Diante da postura, conclui-se que o alvoroço feito durante este ano tinha apenas motivações políticas. As eleições, realmente, transformam pessoas e opiniões.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Em que Brasil podemos acreditar?

   Recentes notícias, de âmbito nacional e regional, deram alento e otimismo para este Brasil de tantos problemas e injustiças. Estamos diante de uma histórica prisão do ex-ministro José Dirceu, condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa no esquema do Mensalão. Sete anos depois, quando a esperança se dissipava, a roubalheira deflagrada é repudiada, desta vez pelo Judiciário.
   Outro aspecto é a iminente aplicação da lei que obriga as empresas a detalhar nas notas fiscais os valores dos impostos pagos pelo consumidor ao governo na hora da compra dos produtos e serviços.    Cada cidadão acompanhará o quanto paga a mais pela gasolina,  comida do restaurante, compras do supermercado, água, luz ou qualquer outra conta, porque o Brasil é um dos líderes em cobrança de impostos no mundo: 36%.    Será a oportunidade de compreender a realidade cruel de nossas empresas, obrigadas a financiar um Estado ineficiente e perdulário em vez de investir em suas evoluções.   Será um dado tangível que convoca para o combate por uma carga tributária mais justa e transparente. A medida só aguarda a sanção da presidente Dilma Rousseff, já que os deputados aprovaram. Em 1988, antes mesmo de termos direito ao voto, se escreveu num capítulo da constituição de que uma lei determinará que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Vinte e quatro anos depois, após uma campanha com 1,5 milhão de assinaturas pelo Brasil, a decisão, finalmente, será cumprida.   Na região – valendo-me de um importante bairrismo para nos enquadrarmos neste cenário – o badalado caso envolvendo sumiço de 42 pneus da Prefeitura de Lajeado, teve mais um episódio nessa sexta-feira.    Doze ladrões foram condenados, no entanto, apenas quatro cumprirão pena no regime semiaberto. A exemplo do Mensalão, o furto de pneus foi registrado em 2005. O julgamento foi em primeira instância, o que abre a possibilidade de defesa para os condenados.   Guardadas as proporções, os três momentos acima, retomam a esperança de sermos uma sociedade com o mínimo de justiça.   Uma semana depois dessas notícias animadoras, uma “cachoeira de água fria” é derramada sobre o otimismo precoce. Corrupto, julgado e sentenciado, Carlinhos Cachoeira acaba de ser liberado do presídio em que cumpria pena desde fevereiro.    Mesmo confirmado como principal personagem de um esquema de corrupção envolvendo o governo federal, apurado em CPI no Congresso Nacional e que lhe custou o mandato de senador, Cachoeira conseguiu a liberdade com base na frouxidão do código penal brasileiro.   Estamos acostumados ao palavrório difuso e repetitivo dos políticos sobre impunidade, produtividade e honestidade. Os casos, José Dirceu, Carga Tributária e Pneus passam dos discursos de “gravatês” para fatos concretos, entendíveis por cada um. A raridade desses atos os torna ainda maiores e simbólicos, enquanto que deveriam ser o sinônimo de qualquer falcatrua, injustiça e exagero deflagrado no poder público. Estávamos diante um cenário esperançoso e otimista, mas a libertação de Carlinhos Cachoeira recoloca no topo as palavras vazias e incrédulas que digerimos a anos. Está difícil saber no que acreditar.

Organizadores cansados

   Promover uma feira da dimensão Poucos dados da Expovale não é simples. Exige dedicação e empenho dos responsáveis e líderes. Estarem, em meio ao evento, cansados fisicamente é natural e  compreensível. Mas, o cansaço a que me refiro neste comentário, está relacionado à mesmice, repetição de atividades de dois em dois anos, mendigação por patrocínio e participação pífia do poder público.
   Para manter a elegância, a Comissão Organizadora não expõe o descontentamento, mas a falta de obras, reformas e adaptações no Parque do Imigrante geram incômodo coletivo nos bastidores. Os  investimentos, pouco mais de R$ 100 mil, por parte da Administração Municipal de Lajeado, não satisfazem mais. Cobra-se “desengavetamento” do projeto da FundaParque, travado na câmara de  vereadores sem explicação.
   A Expovale chega a sua 18ª edição, consolidada pelo tamanho, qualidade dos expositores, esmero dos organizadores – voluntários, que se diga de passagem – mas, parece ter chegado ao limite. Repetir as atrações, fórmulas e sistemas deixam de ser unanimidade e devem chacoalhar os bastidores após os fogos neste domingo. 

   A propósito
   O presidente José Zagonel é categórico ao falar que a infraestrutura do Parque do Imigrante é insuficiente para prosperar um evento mais relevante técnica e industrialmente. Goteiras nos pavilhões são  um exemplo. Local adequado para reunião e palestras inexiste, mesmo que esforço dobrado foi feito para minimizar as dificuldades. Pelos corredores dos pavilhões, expositores expressam variada  insatisfação. 
   O sucesso da Expovale 2012, que transcorre até domingo, está garantido pelos shows, negócios concretizados e pelas milhares de pessoas que foram até o Parque do Imigrante. Mesmo assim,  repensar e prosperar uma feira mais arrojada parece ser inadiável. O Vale dos Alimentos pede passagem.

Muita especulação. Poucos dados

   Surpreende a enorme especulação e tentativas de persuasão vazias que cercam o mercado imobiliário da região. Bolha, endividamento, saturação populacional e outros são propagados aos quatro ventos sem fundamentação e consistência. 
   Percebe-se nos últimos anos, um crescimento singular na construção civil. Não é maior por que faltam funcionários para citar um dos motivos. Construtoras recorrem aos haitianos para conseguir corresponder ao serviço e entregar os imóveis dentro dos prazos estipulados. A maioria está vendida ou alugada. Só Lajeado recebe cerca de mil pessoas por ano.  Todos precisam comprar ou alugar casa. Portanto, há demanda.    Paralelo a isso, há a velha e conhecida insuficiência hoteleira no Vale do Taquari. Criam-se expectativas e se tenta convencer de que investir  em hotéis é o único negócio rentável e seguro no setor imobiliário atual. Essa disputa de mercado abre uma “guerra” local entre investidores de hotéis contra donos de imobiliárias e  construtores. Uma briga que não contribui para o desenvolvimento regional.    Antes de anunciar ou falar em saturação no mercado, vivemos uma saturação de especulações e projeções infundadas, sem  estatísticas nem comparações com outros períodos. Profissionalizar este setor é urgente.

   Aliás   Nessa direção, o jornal A Hora começa um levantamento completo sobre tudo que envolve a construção civil e o mercado imobiliário para informar a quantidade de ofertas de casas, apartamentos e  salas comerciais para venda e aluguel. Ao mesmo tempo, a quantidade insuficiente de leitos nos hotéis e as perspectivas que se abrem com os recentes lançamentos. Informar a sociedade é fundamental  em meio a esse “tiroteio” de hipóteses e argumentos evasivos que muito mais confundem do que esclarecem. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

TUDO está na gráfica

   A construção de um jornal é uma obra coletiva. Depende da dedicação e do comprometimento dos profissionais, que aliam seu conhecimento a um imensurável interesse de cumprir o papel jornalístico: informar. As vaidades, egocentrismos e a autossuficiência, peculiares dos jornalistas, precisam dar lugar a um propósito maior.  
Esta é a última coluna que publico antes da circulação do Caderno TUDO, um anuário do A Hora desde 2010, que chega em suas mãos na próxima terça-feira. 
   Todos os setores da empresa, sobretudo a Redação, Comercial e o Departamento de Artes, trabalharam com afinco nos últimos três meses, para chegar ontem, às 18h47min e entregar cem páginas à gráfica de Zero Hora. Com as três edições do A Hora produzidas toda a semana, concluímos um caderno que desnuda as mazelas e potenciais do Vale do Taquari. Aponta erros e acertos de uma região promissora, mas menor do que poderia ser. 
Um conteúdo que vai além da notícia factual e entra num campo analítico, conceitual. O destaque da edição de 2012 é o alimento, principal referência econômica do Vale do Taquari.    Tema merecedor da interferência de quem almeja o desenvolvimento ordenado da região. Liderado pelo agronegócio (leite, suínos e aves) o setor alimentício amplia sua relevância à medida que agrega e fortalece segmentos, como cerveja artesanal, fruticultura, doces e hortigranjeiros.  
   Ressalto o trabalho de toda equipe por construir cem páginas, na certeza de que o maior beneficiado será o leitor, motivo singular de nossa existência. Enalteço a consonância entre redação e setor comercial, onde o divisor de águas foi a responsabilidade e o rigor profissional, permitindo que a única interferência fosse exigida pela ética.
   Construir um caderno como o TUDO é um desafio permanente para o A Hora. O sentimento de dever cumprido ao entregar as páginas à gráfica é confortante, mas aumenta o compromisso de estar sempre à altura da confiança a nós conferida e garantir uma implacável busca da verdade factual. 
   Jornalismo é um instrumento de pensar a realidade. A Hora o faz do Vale para o Vale. A flecha do anuário TUDO aponta para uma evolução imprescindível da sociedade regional e para potencializar suas capacidades. A radiografia completa estará encartada nos sete mil exemplares dos assinantes do A Hora na terça-feira e outros cinco mil serão distribuídos em locais estratégicos, principalmente na Expovale, que se inicia amanhã.
   Aos colegas antecipo agradecimentos pelo empenho e desmedido tempo para manter a mesma qualidade das primeiras às ultimas páginas. Aos anunciantes a confiança e visão empreendedora ao investir num produto que mostra o Vale para o estado, com força editorial e credibilidade indispensável. Aos leitores, a satisfação em compartilharmos a partir desta terça-feira, mais um material pensado e construído com o tamanho da riqueza e dos anseios dessa terra.

  Tudo está na gráfica e, na terça-feira, em suas mãos.  

Protagonistas de fiascos. Mais um

   Os vereadores de Lajeado protagonizaram, nessa terça-feira, momentos vexatórios e de total contrassenso à função que lhes foi confiada pela sociedade. O desequilíbrio dos parlamentares interrompeu a reunião por duas vezes, tamanha era a gritaria e desrespeito entre eles. A falta de decoro parlamentar, que levou a cassação, em 2010, do vereador Flávio Bruch (PP) de Marques de Souza parece esquecida. Ele classificou um secretário municipal de “chifrudo” e foi cassado meses depois. Em Lajeado, os “elogios” foram mais comedidos, mas a leviandade e a inópia de provas nas acusações pessoais desferidas na reunião opõem-se ao regimento interno. Mais do que isso, fere e macula a reputação da casa legislativa, tão relevante à sociedade quando conduzida democrática e eficazmente. Pena que nos últimos anos, os cargos e os salários na câmara e no Executivo motivaram os maiores embates, mesmo numa cidade com tantas deficiências e urgências. Depois ainda reclamam quando a imprensa e a sociedade criticam.


  Aliás
   O mês de novembro prevê uma disputa acalorada na votação da Lei Orçamentária Anual para 2013. O mote é o percentual de livre movimentação a ser concedido ao prefeito Luis Fernando Schmidt (PT). O governo atual mandou à câmara o projeto com os mesmos 10% solicitados no ano passado, mas reduzidos a 2% pela oposição, que agora assume a administração municipal. Resta saber se a justificativa dos vereadores, de que prefeito não pode ter tanta autonomia, foi apenas “politiqueira” ou de fato, condiz com o interesse Legislativo em participar mais das ações da administração. Os primeiros argumentos dos vereadores que baixaram o percentual no ano passado estão mudando. Agora defendem que reduziram porque foi ano eleitoral e que agora se inicia um novo ciclo. Os próximos 30 dias respondem o quanto coerentes são os vereadores em suas decisões.

Representatividade reduz a zero

   A força política do Vale do Taquari no estado e país está “capenga” nos últimos anos e piorará em 2013. Luis Fernando Schmidt (PT) elegeu-se prefeito de Lajeado e sai da Assembleia Legislativa em dezembro, onde estava como deputado estadual. Ontem, em entrevista a Rádio Independente, o deputado Federal Enio Bacci (PDT) anunciou a possibilidade de assumir a Secretaria da Segurança de Porto Alegre a partir do próximo ano.    Dessa forma, a região perderia seus dois deputados e reduziria para zero a representatividade na assembleia gaúcha e na câmara de Brasília. Retrocesso para a região.

TUDO e muito mais

   As publicações especiais são aposta do jornal A Hora. Temas relevantes e prioritários para o Vale do Taquari ganham espaço nos cadernos relacionados ao agronegócio, construção civil e arquitetura, ambiente, saúde e moda. Desde 2010, publica o anuário TUDO, que apresenta um raio X da região, elencando carências e potenciais. A terceira edição está em produção e será veiculada durante a Expovale. Serão cem páginas impressas em papel refinado. A capacidade produtiva de alimentos, o drama da insuficiência de mão de obra, os pífios investimentos em saneamento básico, os baixos índices da educação, os problemas na saúde, o avanço do crack e a disseminação da insegurança, as carências na infraestrutura e as possibilidades da Copa para o turismo regional são os temas no caderno deste ano.

?

   As alegações da Administração Municipal de Lajeado em pedir 7% do orçamento total de livre movimentação para a prefeita são nebulosas. A pouco menos de dois meses de sua saída, Carmem Regina solicita em torno de R$ 6 milhões para investir em obras e ações não projetadas no orçamento deste ano. Quer ter autonomia para aplicar onde for necessário sem passar pela câmara de vereadores.
   Pavimentação de ruas, auxílio à Expovale e pagamento da área da futura Escola Técnica Federal seriam os principais destinos. Estranha-se, por outro lado, a maneira como se sucedeu a tentativa. A opção natural nestes casos é o remanejamento de valores entre as secretarias. Exemplo: retira da Secretaria de Obras e direciona para a Secretaria da Fazenda. Depois, de forma transparente, submete aos vereadores. Por que não foi assim de praxe? Outra pergunta: como e onde queriam aplicar esse montante, considerando o pouco tempo de governo? A falta de resposta a essas questões foi o principal motivo da oposição em reprovar o projeto – mesmo que nos corredores se fale em compra de voto de um ou outro vereador para aprovar a matéria. Se houve, é mais um ingrediente para aumentar o cheiro de tramoia. Diante dessas dúvidas, foi plausível a atitude dos vereadores em reprovar o projeto e cobrar mais transparência do Executivo em suas ações.

  Em tempo
   O vereador Antonio Scheffer (PTB) mudou de opinião e votou a favor do projeto, diferentemente do que havia feito em 2011, quando a oposição reduziu de 10% para 2% a livre movimentação da  prefeita. Depois do “sim” ao Executivo e a atual bancada situacionista atendeu telefonema de empresário lajeadense e, falando seu nome, num alto tom de voz, emendou: “... quem votou contra foi o vereador do seu partido e não eu”.

Cúmplices por omissão

   O Observatório Social existe para fiscalizar as ações públicas, interferir em desmandos e irregularidades administrativas. Em Lajeado, foi criado em agosto desse ano, com a ideia de prevenir falcatruas e orientar sobre o uso adequado do dinheiro público. Seu desempenho depende de voluntários. Na largada, há três meses, mais de 20 entidades participaram e se entusiasmaram com a ideia da cidade ter um defensor da sociedade. Bastaram três meses para as reuniões do Observatório se resumir há meia dúzia de partícipes e ameaçar, não só as ações da entidade, mas sua relevante existência. No encontro de ontem, ficou visível o desamparo para implantar ideias e projetos de conscientização popular. Nova reunião foi agendada para esta segunda-feira, às 7h30, para definir as ações do dia  internacional anticorrupção, que ocorre dia 9 de dezembro. A presença de mais líderes empresarias e classistas é fundamental para consolidar a instituição a partir deste primeiro evento que apontará os desvios, irregularidades e deslizes já descobertas e não solucionadas na região.    É uma forma de despertar a sociedade, tentar envergonhar os corruptos e gerar uma cultura que valoriza o comportamento ético. Não podemos ser cumplices da omissão.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Central fadada ao descrédito


   É um drama - quase uma tragédia - o que ocorre com a Central. Lajeado tinha até 2011 uma das mais conceituadas clínicas de recuperação e tratamento de dependentes de alcoolismo do estado e até mesmo do país. Tinha. Bastou uma imposição constitucional do Ministério Público (MP), da Vigilância Sanitária e trocar a diretoria para desencadear um escândalo vexatório. O presidente e fundador da clínica Roque Lopes foi afastado. Em sua saída, deixou uma quantia superior a R$ 200 mil nos cofres. Agora, o caixa está zerado e se fala em desvio de R$ 99 mil nos últimos nove meses. Não há dinheiro para pagar o 13º salário dos funcionários.
   Desde o início do ano, voluntários e ex-internos tentam convencer autoridades, sobretudo o MP, a tomar providências e trancar a sangria no caixa da instituição. As acusações contra o presidente Adagildo Brizola vão além de corrupção. Assédios moral e sexual também são apontados.
   Menos de um ano após a troca de comando, a Central está sob ameaça e fadada ao descrédito. A instituição, que recebe todo mês, dinheiro público – só de Lajeado são R$ 22 mil – é usada para trampolins e manobras ilegais. A relevância da clínica para Lajeado e região é argumento suficiente para esclarecer tudo e logo. A sociedade e os associados voluntários, que por vários anos contribuíram com dinheiro para viabilizar o funcionamento, têm o direito de saber o que ocorre. As autoridades públicas, também pagas com dinheiro público, têm a obrigação de expor os fatos e mostrar transparência. A primeira ação foi ontem, quando o promotor Sérgio Diefenbach moveu uma ação à Justiça, pedindo o afastamento definitivo do presidente. O passo inicial para a reorganização da entidade foi dado.

Disse o necessário



Coragem é um dos princípios dos jornalistas, sobretudo, aqueles que assinam colunas de opinião e exercem influências direta ou indireta sobre a sociedade. Ficar em cima do muro, não assumindo postura e posição é parcialidade inócua. O jornalismo tem o papel de se aliar ao clamor público, tocando ao coração e aos desejos do cidadão.
No fim de semana, o colega Adair Weiss, em sua página 3, forneceu uma prova de que é preciso ter posicionamento firme, crítico e sem rabo preso. Escreveu sobre a barrigada da imprensa regional ao publicar que Antonio Scheffer (PTB) gastou só R$ 600 para se reeleger, como se toda a população lajeadense fosse cega ou ingênua. Fez remissão aos currais eleitorais existentes pela região, que conduzem aos cargos públicos, pessoas despreparadas e aproveitadoras. O desempenho desses compradores de voto se presume. Apontou, com muita sensatez e propriedade, o que estava entalado na garganta de muitos, tenho certeza. Ou alguém não duvida que houve compra escancarada de votos nessas eleições?

Em tempo

Impressiona a quantidade de retaliações e “acertos de contas” que desabrocham nestas semanas pós-eleições. Uns brindam festas com dinheiro ganho em apostas, outros comemoram malandragens e estratégias sujas para vencer. Vereadores reprovam projetos em forma de protesto. Eleitores corruptos assumem ter vendido o voto e fazem planos com os valores arrecadados. São provas antidemocráticas que nos confirma uma “politicagem” interesseira e partidária, na qual os desejos coletivos são preteridos pela ganância e “sede” de poder. E os cidadãos, como ficam?

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pesquisas agridem os eleitores


   A definição de agredir, no novo dicionário Houaiss, página 71, é atacar alguém por atos ou palavras que ofendam sua pessoa física ou moral, dirigir ofensas ou injúrias.
   Valho-me do verbo para associar às pesquisas que são empurradas “goela abaixo” do eleitor. É antidemocrático, imoral e, sobretudo, é demais o que está ocorrendo na última semana de campanha eleitoral. Em cada eleição municipal, os últimos dias provocam ações e movimentos mais agudos. Em boa parte, beira o descontrole. As pesquisas são a prova mais eloquente.
   Para muitos candidatos viraram armas exclusivas. Abandonam os projetos e partem para o ataque. O ápice de uma sociedade democrática – a eleição – é maculado por um confronto descontrolado e inconsequente. A todo custo, tentam conquistar o voto mostrando desempenho em pesquisas eleitorais. Nos meios de comunicação, entre eles o jornal A Hora (e nesta edição tem de novo) coligações publicam pesquisas com resultados diferentes no mesmo dia. Impossível se concluir algo.
   São tantos números e argumentos, que em vez de auxiliar na definição dos votos, confundem e desacreditam ainda mais os eleitores. Nunca fui entrevistado por instituto nenhum e só conheço meia dúzia que foi. Não acredito muito em pesquisa eleitoral e penso que beneficiam e prejudicam os candidatos ao mesmo tempo, e conduzem o pleito eleitoral de forma injusta. É preferível usar os espaços e materiais publicitários para sustentarem projetos e planos sobre as dezenas de carências que afligem a sociedade. Tentar convencer por desempenho em pesquisa é agredir o eleitor.
   Em meio a esse bombardeio de tabelas mostrando intenção de voto e desempenho de cada concorrente o eleitor se sente ludibriado, manipulado. Sofre pressão de todos os ângulos, onde cada coligação tenta justificar o resultado. Em vão!
   Comparo a disputa nas pesquisas como os jornais disputam pelos furos de reportagem.  Afinal, quais são os benefícios? Em jornal, é mais coerente e sensato publicar uma notícia completa, bem apurada e baseada na verdade, do que dar um simples furo só para ser o primeiro a publicar. Nesta campanha eleitoral, antes de se preocupar em explicar e publicar pesquisas, não seria mais rentável defenderem suas candidaturas, dizer o porquê, o que e como querem e administrar o dinheiro público e melhorar a sociedade?
   O mais curioso é que só no Brasil as pesquisas são levadas a sério, ainda. Na eleição americana, por exemplo, poucos eleitores ligam para elas. Lá interessa o que os candidatos têm a dizer, se manterão os EUA no topo do mundo. Eu insisto de que pesquisas não contribuem e, você leitor, o que acha?

A propósito


   Nas páginas 7 e 9 da edição do Jornal A Hora de hoje (04/10), duas matérias merecem mais atenção do que as pesquisas. Professores estão doentes, e os presídios são bombas- relógio. Ontem foi registrada a oitava tentativa de fuga no ano. Mostra-se a fragilidade do sistema carcerário, que há anos clama por melhorias e investimentos, que só ficam nas promessas. As duas áreas são de compromisso maior e específico do estado. Mas nem por isso, candidatos a prefeito da região não precisam prever ações de intervenção nestas situações.
   Tentar descobrir o motivo pelo qual os professores estão doentes e por que os presos fogem poderiam fazer parte de um plano de governo de nossos postulantes a prefeito. Ou não?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Promessas feitas. E agora?


   Os três candidatos a prefeito de Lajeado encerram a série de debates promovidos pelo jornal A Hora nas eleições 2012. Luis Fernando Schmidt (PT), Marcelo Caumo (PP) e Juliana Baiocco (PV) expõem suas propostas hoje à tarde.
   O ciclo de promessas chega ao fim com um resultado excitante. Salvo exceções para discursos evasivos e laudatórios, a maioria dos concorrentes foi específica e se comprometeu com as prioridades eloquentes em seus municípios. Túneis, asfaltamentos e melhoria do transporte coletivo se destacam entre os projetos viários. Estações de tratamento de esgoto, rigidez na fiscalização e ordenamento de novos loteamentos são alternativas para diminuir o estado caótico e a falta de investimentos em saneamento básico. Mais postos de saúde, mais escolas, mais casas, distritos industriais e qualificação da mão de obra. Enfim, um “caminhão” de promessas capazes de mudar a realidade de nossas sociedades.
   A tudo isso, se acrescenta a jura de que as prefeituras não serão cabides de emprego e nem salas de apadrinhamento de familiares e/ou parentes. Garantem zelo com o dinheiro público. Está aí, portanto, uma expectativa de gestões adequadas. Prometido está. E agora?
   Quando definimos reunir os candidatos em debate no A Hora, objetivamos a exposição de ideias e o comprometimento dos candidatos com as mazelas da região. Este conteúdo fica arquivado e será retomado durante os próximos quatro anos. Seremos fiscais e guardiões, ao lado da população, das promessas assumidas durante estes três meses de campanha.    Afinal, o histórico nos deixa escaldados. No meio político promessa não é sinônimo de obra, portanto, atenção eleitores!

Prefeito enfrenta os vereadores


   A gastança nas câmaras de vereadores e na assembleia legislativa do estado beira o descaso. O desrespeito com que tratam o dinheiro público, amontoando assessores e laranjas foi repudiado em sucessivas pesquisas de opinião pública. No Vale do Taquari, vereadores tentaram – alguns conseguiram – duplicar subsídios, aumentar numero de cadeiras e ainda contratar mais assessores. Ufa!
   Faço a ressalva inicial para enaltecer o discurso do prefeito de Encantado, Paulo Costi (PP), no debate entre os três candidatos à majoritária, promovido pelas associações empresarias da cidade na semana passada. Sem meias palavras abriu fogo contra o excesso de gastos dos vereadores – sem excluir os de seu partido. “Quando vimos que 7% (do orçamento municipal) vai para aquilo que foi, se considera mau uso do dinheiro público.   Se indignação é brigar com a câmara eu continuo indignado. Nosso compromisso é chegar no máximo a 4%”, afirma Costi. Essa foi a primeira vez que este colunista ouviu (em público) de um candidato a prefeito um discurso claro de enfrentamento aos excessos de gastos que sucedem-se nas câmaras de vereadores. De um modo geral, a diplomacia exagerada prevalece entre os poderes Executivo e Legislativo e mantém a torneira da gastança aberta. Ou será por que a maioria não terá telhado de vidro no executivo quando se trata de gastança?

CCs e assessores em campanha


   A rigidez do Ministério Público e da Justiça Eleitoral não intimida muitos servidores, sobretudo cargos comissionados e assessores parlamentares. É comum encontrar profissionais das prefeituras e câmaras fazendo campanha eleitoral em horário em que deveriam estar cumprindo suas funções pelas quais recebem o dinheiro público.
Além de imoral é ilegal e pode levar o candidato a cassação, a exemplo do que houve em    Canudos do Vale, com o prefeito Cléo Lemes (PP). Detalhe: quando a imprensa flagra essas irregularidades e estampa nas páginas de jornal, nas telas de TV e nos microfones de rádio é acusada de perseguidora e tendenciosa.
   É melhor abrir o olho e separar o “joio do trigo” do que ser flagrado distribuindo “santinhos”, fazendo serviço eleitoral e, pasmem, até dar entrevista sobre a campanha em horário de expediente na repartição pública. O amadorismo e a descarada sem-vergonhice podem custar a eleição.

Interesses mudam as opiniões


   O tema a seguir não é novo. Mas sua recorrência é necessária à medida que incoerências e mudanças de opiniões num curto espaço de tempo se sucedem. Refiro-me a candidatos ou militantes que há poucos meses estavam em lados iguais e hoje dividem palanques. Criticam ações que em outrora aplaudiram. Em abril o jornalista e professor da ESPM, Eugênio Bucci, escreveu na Revista Época que no Brasil não se sabe mais quem é esquerda ou direita. “Os políticos de direita evaporaram. Como fantasmas à luz do sol, como a neblina e as miragens, simplesmente sumiram no ar… Hoje, a gente olha, olha de novo, esfrega os olhos e... Mas o que é isso? Não ficou ninguém? Como saci-pererê, a direita no Brasil é algo em que se crê, mas não se vê. Todos são esquerda e ao mesmo tempo direita.” Uso a citação de Bucci por resumir a realidade que presenciamos na política local. Em todos – sim, em todos – os municípios da região partidos e candidatos trocam de lado e de palanque a todo momento. O que era certo ontem agora está errado. Em meio a essa volátil opinião política está o eleitor.    É dele a missão de interpretar e, pior que isso, tentar entender os bastidores de cada situação. Todos os partidos têm bons e maus candidatos. Mas quanto mais se troca mais marginalizadas ficam as siglas partidárias. A esquerda e direita visível em anos passados não existe mais. E isso, como diz Bucci, “só os espíritos saberão explicar”.

Trabalho à Justiça Eleitoral


   As previsões de que o pleito eleitoral deste ano seria marcado pelo embate nos tribunais se confirmam. A cada semana aparecem, no Ministério Público, pedidos de impugnações e acusações a candidatos da região, sobretudo da majoritária. Além de tentar cassar candidaturas, a ideia é manchar as fichas dos opositores e conquistar a opinião pública a partir desses fatos. A maior rigidez da Justiça em fiscalizar e punir candidatos e eleitores que se valham de ilicitudes e barganhas para conquistar ou vender, respectivamente, seus votos, alertam os concorrentes. Nota-se que partidos montam verdadeiras blitzes para acompanhar passo-a-passo seus adversários na expectativa de flagrar irregularidades e informar o MP. Nas duas últimas semanas de campanha – teoricamente as mais agressivas e tumultuadas – novas acusações surgirão na Justiça. Para o bem da democracia, os candidatos devem “andar na linha”. Do contrário, o risco de aparecer pedido de impugnação e cassação é grande, pois os “plantões” estão de olho.

Amadurecimento político

   Seria audacioso e prematuro aliar esta rigidez judicial e fiscalização mútua entre os candidatos a um amadurecimento político. Até pode ser, mas de forma bem embrionária.    Nossa recente democracia – que tem apenas 24 anos – ainda impede uma politização mais ampla da sociedade. Antes de democratizar o pleito, a maioria dos candidatos tenta se valer da legislação rigorosa para derrubar seu adversário. Essas nuances se sobrepõem às ideias de coletividade. Há coligações mais preocupadas em denunciar seus opositores do que conquistar o voto a partir de propostas arrojadas. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Em meio a discursos surgem propostas


   A superficialidade das propostas de governo da maioria dos candidatos a prefeito da região é liquidante. Carecemos de planos que atendam às múltiplas mazelas da sociedade, que não se resumem aos atendimentos básicos na educação, saúde, assistência social, etc. Aliás, essas são obrigações de qualquer administração pública: aplicar o dinheiro na qualidade de vida das pessoas. Nem sempre é assim, infelizmente.
   Os debates promovidos por veículos de comunicação de todo o Vale e esporadicamente algum comício menos festivo expõem, mesmo com a enrolação costumeira, propostas otimistas. Direciono esse comentário para promessas – que SE implementadas – são capazes de mudar a realidade em todas as cidades. Os eleitores as observam atentos e ansiosos.
   Nos embates com os concorrentes ao cargo máximo de cada município, promovidos pelo jornal A Hora, o eleitor encontra, em meio a discursos evasivos e laudatórios, ideias concretas. Atenho-me, por exemplo, a pavimentações no interior de algumas cidades e ao compromisso que boa parte assume em investir em saneamento básico. Nesta última área, é visível a inexistência de um plano concluído, o que reafirma os poucos investimentos direcionados neste setor nos últimos anos.
   Mesmo assim – e graças às exigências do governo federal – boa parte se compromete em construir estações de tratamento de esgoto, criar políticas mais enérgicas para liberação de novos loteamentos e edificações e conscientizar sobre a limpeza dos mananciais hídricos. Pelo discurso, acordaram da sonolência e inércia. De janeiro em diante veremos sua solidez.
   A exposição de ideias concretas e o debate objetivo sobre propostas de governo e não de interesses individuais e/ou partidários foram o intuito do A Hora ao convocar os candidatos.     Constroem-se documentos individuais de cada município, capazes de nortear jornalistas, administradores e sobretudo, os eleitores. Afinal, é passada hora de termos uma sociedade mais politizada.

Coragem de dizer e agir


   O anúncio de desfiliação de Ito Lanius do PMDB nesta semana permite reflexões quanto ao modelo e sistema político existente. O que mais se cobra neste país é uma visão inovadora de fazer e pensar as atividades públicas. As negociações partidárias que mais servem para acomodar militantes sobrepõem-se a uma gestão eficiente, algo que Lanius reclama e alega como motivo para o seu afastamento partidário, no momento. 
   O perfil da coluna não é de fazer coro a candidato ou político A ou B. Nossa linha atende ao pressuposto da necessidade indubitável de usar e aplicar melhor o dinheiro público. É isso que todos esperam.
   Não dá para omitir que a saída de Lanius da política representa perda de qualidade para Lajeado. Suas ideias não são leis, muito menos 100% assertivas. Mas sua posição, embora um tanto isolada, de chocar-se com o modelo convencional de fazer política deve ecoar e, no mínimo, ser considerada. Gestões mais técnicas nos executivos e legislativos, evitar que a política vire profissão e um pouco mais de ideologia são bandeiras que a sociedade precisa diferenciar e cobrar. O “desejo puritano” de Lanius soa como ingênuo e utópico para os mais espertos, mas tem coerência e deveria nortear a todos os cidadãos, mesmo que isso pareça “remar contra a maré”. É preciso enfrentar.

Programas para carentes falham


   Esta edição se destaca por duas matérias. Na página 7, o presidente do Diretório Central de Estudantes da Univates (DCE) e assessor parlamentar do deputadoLuis Fernando Schmidt (PT) até o mês passado, Carlos Augusto Portela, reconhece ter fraudado documento para receber bolsa de estudos, proveniente de parceria entre Executivo de Lajeado e Univates. Na página 9, matéria retrata a investigação da Polícia Federal de Santa Cruz do Sul sobre suposta utilização do cartão SUS para confeccionar títulos eleitorais em Canudos do Vale. O município é um dos seis em que o número de votantes é maior que a população.
   No primeiro caso, se trata de uma conduta imoral e criminosa. Portela omitiu sua renda mensal como assessor da assembleia – R$ 5,4 mil. Durante o ano passado, recebeu R$ 1.850 para custear parte de suas mensalidades na universidade. Ao saber da averiguação da reportagem do jornal A Hora, Portela foi aconselhado a devolver o dinheiro recebido por meio da bolsa carência e, no dia 10 de agosto, pediu exoneração do cargo de assessor do deputado Schmidt, que concorre a prefeito de Lajeado. Atento-me ainda à vulnerabilidade do convênio entre Univates e Administração municipal de Lajeado, que movimenta por ano R$ 350 mil. Qual o critério e como se comprova a renda dos estudantes a serem beneficiados?    Ninguém fiscaliza? Essa irregularidade envolvendo o presidente do DCE abre margens para desconfiança e descrédito de todo o programa.

Fraude de títulos eleitorais


   Desde que foram publicados os números de eleitores nos municípios, faltam explicações convincentes sobre: como é possível uma cidade com dois mil habitantes ter 2,6 mil eleitores?      As alegações são de que a diferença é motivada pelas pessoas que saíram dos municípios e mantêm algum tipo de vínculo (imóvel, emprego, ligação familiar, etc). Mesmo assim, é muita diferença. Esta semana, surge nova justificativa. Os “aproveitadores de plantão” estariam se valendo dos cartões do Sistema Único de Saúde (SUS) para comprovar ligação com o município e assim vincular o título eleitoral. A suposta falcatrua expõe a fragilidade e o descontrole no SUS, que distribui cartão sem checagem – só Doutor Ricardo e Vespasiano Correa têm menos cadastros do que eleitores. No mesmo diapasão, mostra a ineficiente fiscalização e conduta para a confecção de novos títulos. A frouxa inspeção policial nas eleições passadas encorajou os “interesseiros” a ludibriar a Justiça e atrair eleitores de outras cidades. Promotores eleitorais e autoridades afins garantem mais rigidez e incisão nas fiscalizações deste ano. Coincidência ou não, o prefeito de Canudos do Vale, Cleo Lemes (PP) foi cassado ontem, há um mês da eleição. Ele concorria a reeleição contra Luis Reginatto (PMDB). Lemes ode recorrer da decisão no TSE em instância estadual e nacional.

Protestos contra falsas promessas


   A paciência dos moradores de Sério se esgotou. Nesta manhã, bloqueiam a ERS-421, que liga o município a Forquetinha, para protestar contra o estado da rodovia. As recorrentes promessas de pavimentar a estrada não convencem mais a população, que pretende chamar atenção das autoridades. Quem trafega pelo local se depara com buracos, pedras e, em dias secos, a poeira dificulta a visibilidade dos motoristas. Quando chove, o barro toma conta de toda a estrada. Na semana passada, conforme reportagem publicada no A Hora, motoristas atolaram em meio à lama e tiveram de ser socorridos por moradores e máquinas da administração municipal. Em Arroio do Meio, a comunidade de Passo do Corvo já trancou a VRS-482 várias vezes, cobrando pelas recorrentes promessas. Passaram-se 14 anos, e até agora, nada.

   Aliás

   Por falar em promessas, os candidatos às prefeituras enchem de esperança os eleitores do Vale do Taquari. Pelos discursos e “juras” de mudanças, investimentos, valorização pessoal, igualdades e por aí vai, as mazelas que travam/retardam o desenvolvimento regional serão todas resolvidas. Importante em meio a tudo, é a população interpretar e analisar as reais capacidades e preparo de seus futuros governantes para executar obras e planos de governo mirabolantes. O que mais se encontra neste período são discursos “inflamados”. A tarefa do eleitor é interpretar e separar o concreto do evasivo.

Funai protege interesses e esquece dos índios

Foto: Caco Konzen

   Os noticiários regionais dos últimos dias contemplam reportagens sobre a tribo indígena localizada em Estrela, seu envolvimento com o tráfico de drogas e os bloqueios da BR-386. Formou-se uma perigosa opinião popular contra os índios.
   A ação deflagrada pela Polícia Civil e Brigada Militar, na sexta-feira passada, soma-se à impaciência populacional referente às “tranqueiras” para liberar os poucos quilômetros da BR para continuar a obra de duplicação. A tribo emperra o avanço. Manifestações e xingamentos contra os índios tomam forma, sobretu­do nas redes sociais. Uma avalanche de protestos vira “lugar comum” e expõe a suscetibilidade a qual a tribo está sub­metida, sem condições adequadas muito menos local para ali se habitar.
   O tema é debatido à exaustão nas reuniões de pauta da nossa redação desde segunda-feira. Em paralelo, atentei-me a pesquisar e analisar a situação da tribo. Valho-me das observações de antropólo­gos, em especial de Andréa Martini, que concedeu entrevista ao A Hora na edição dessa terça-feira. Unir-se ao coro de que os indígenas são traficantes, sem-vergonha, vagabundos e que deveriam ser expurga­dos é imprudente e evasivo. O momento conclama uma análise mais ampla, desapaixonada e menos bairrista.
   Minha opinião contraria – e não é de agora – bloqueios da BR-386 e os empe­cilhos impostos para liberar a obra de duplicação no trecho em que está insta­lada a tribo caingangue. Isso é inadmissível diante de tão importante obra de desenvolvimento regional e estadual. A culpa, no entanto, não estendo aos índios tão-somente. A omissão, passividade e inércia da Funai irritam e precisam ser apontadas. Antes de “abrir fogo” contra os indígenas é necessário questionar o mo­tivo que os mantêm às margens de uma rodovia, espremidos entre duas cidades. Vivem sob as piores condições sanitárias, educacionais e culturais. A vulnerabilida­de de seu cotidiano leva à prostituição e ao trabalho infantil, favorece a drogadi­ção e choca-os com os costumes urbanos. Crianças – senão bebês – com sérios pro­blemas de saúde. A cacique é o retrato do descaso: HIV, câncer e usuária de drogas.
   Antes de emperrar o avanço de uma importante obra como é a duplicação da BR-386, a Funai deveria atentar-se à VIDA dos índios, lutar por um território adequado, propício aos valores étnicos e culturais, longe de centros urbanos e margens de rodovias. O argumento de que precisam das beiras de estradas para ven­der seus artesanatos cai por terra quando a polícia deflagra venda de drogas dentro da aldeia. Encontrar crianças oferecendo cestas e balaios pelas ruas remete muito mais a um pedido de esmola do que venda de um produto.      Aliás, este fato não se resume apenas a tribo caingangue de Estrela. A insuficiente atenção do governo federal, balizada pela Funai deixam as tri­bos indígenas do estado entre as de piores condições do Brasil.

Qualidade é a diferença. E sempre será!


Jornalismo e Inovação foi o tema central do 9º Congresso Brasileiro de Jornais, realizado em São Pau­lo, nessa segunda e terça-feira. Veículos de todo o Brasil discutiram o futuro do impresso diante do avanço da internet e das novas plataformas de mídia. O A Hora estava lá.
Profissionais e diretores de veícu­los internacionais como New York Times e Wall Street Journal, dos EUA, e Mathias Döphner, diretor do grupo alemão Axel Springer com­partilharam fórmulas de integração entre o jornalismo impresso e o digi­tal. Editores, diretores e publicitários da Folha, Estadão, Globo, Zero Hora, etc, completaram o debate e expli­citaram a incerteza que paira sobre todas as redações brasileiras quando o tema é mídia digital. Ainda se procura um modelo capaz de aliar o imediatismo da rede à credibilidade das informações.
Diante de um cenário de incertezas, mas, ao mesmo tempo, de muitas oportunidades, reforça-se o princípio intocável e sustentável do jornalismo: qualidade de informação. Em qual­quer plataforma, o leitor só compra conteúdo confiável com matérias apro­fundadas, reportagens interessantes e análises que o ajude a tomar decisões.
O avanço da internet prevê uma inegável reciclagem dos jornalistas. O profissional multitarefa será realidade, e as redações precisam se preparar. No Vale do Taquari, esta transformação será lenta e gradual e sem data estipulada. Por tudo isso, A Hora segue firme seu projeto do jornal impresso com projeções de crescimento publicitário e de anun­ciantes. Em paralelo, prevê um portal de notícias e páginas nas redes sociais para atender uma massa crescente. Mas, sem descuidar da essência: credibilidade.
Nona edição do Congresso Brasileiro de Jornais reuniu representantes de jornais do Brasil e trouxe palestrantes norte americanos e europeus


Tudo que tem valor tem preço


   O jornal não pode trazer o que vimos na TV, acessamos na internet ou ouvimos no rádio. O papel dos jornais é oferecer o que a internet e a rede social não podem: a seleção de notícias, o jornalismo de alta qualidade narrativa e literária, a apuração completa. É para isso que o público está disposto pagar. O jornal impresso precisa se valer da sua credibilidade, investir em análise e integração com a sociedade.
   Por isso, A Hora investe em treinamento e qualificação dos profissionais da redação para formar grandes jornalistas. Aposta em profissionais com conhecimento cultural, intelectual e humanístico. Gente que leia muito, seja criativa e motivada. Jornalistas que fujam do previsível e surpreendam os leitores.
   O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos governantes. O jornalismo de registro, pobre e simplificador repercute a região, mas oculta a verdadeira dimensão da realidade. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e neutralidade, conseguiremos separar a notícia do declaratório.
   Na internet não será diferente. Enquanto os grande veículos do Brasil procuram alter­nativas e fórmulas de aliar impresso ao digital, A Hora se qualifica no jornal impresso e se prepara para fazer jornalismo de qualidade também na internet.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O segundo pior do país


   A educação é o termômetro que mede a capacidade de desenvolvimento e crescimento da sociedade. O Brasil sonha em se destacar como potência global. Quer aproveitar a emergente situação econômica e os embrionários avanços de inclusão social dos últimos anos para ser reconhecido. 
   Nessa terça-feira, o Ministério da Educação (MEC) divulgou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os resultados deixam o Rio Grande do Sul em alerta. Mais uma vez, o estado gaúcho figura entre os de pior desempenho no Ensino Fundamental e Médio da rede pública. Ganha apenas de Alagoas. No sul do Brasil, o RS é o único travado. Santa Catarina está em primeiro lugar, com desempenho acima do previsto, enquanto Paraná aparece em quarto lugar na média geral. Os resultados comprovam a gravidade e a necessidade imediata de repensar o ensino gaúcho e definir investimentos e estratégias que corrijam os problemas.
   Somam-se a esse novo desempenho insatisfatório, estatísticas recentes que nos colocam como o estado de maior índice de reprovação do Ensino Médio de todo o país e entre o seleto grupo de governos que não paga o piso nacional do Magistério. Justificativas ocas prevalecem nos discursos dos governantes e líderes educacionais desde ontem, quando o assunto foi para a imprensa. As alegações culpam gestões passadas por investirem pouco.
   O problema é que nos últimos anos, as discussões educacionais no estado se resumem a greves e passeatas. A pedagogia, o aperfeiçoamento teórico e prático, um novo modelo de ensino, são preteridos por brigas entre o Cpers e governo. Na sala de aula, a rebeldia dos alunos e a ausência dos pais são desculpas dos professores devido ao fracasso. 
   Por mais que todos procurem culpados e propagam discursos inflamados, é oportuno repetir que somos os líderes em pagamento de impostos e que ainda temos os pedágios mais caros do país. Assumir nossa fragilidade educacional e definir estratégias para corrigir os problemas são soluções. O resto, é desculpa ou promessa. Até porque, estamos cansados de ouvir dos políticos “educação em primeiro lugar” e termos esses desempenhos.

Mudança de opinião


   A falta de seriedade mancha as campanhas eleitorais e compromete as futuras gestões. Impressiona a rapidez com que alguns candidatos mudam de opinião neste período. Um exemplo é o vereador Antonio Scheffer (PTB) de Lajeado. Em novembro de 2011, foi incisivo e crítico ao reprovar o projeto que dava 8% de livre movimentação do orçamento total ao prefeito em 2013. Nove meses depois, muda de ideia e diz que é a favor da porcentagem que dá mais autonomia ao prefeito. E garante que a partir de agora aprova todos os projetos que serão enviados pelo Executivo.
   É no mínimo estranha e duvidosa a postura do vereador, que até aqui tentou propagar uma postura crítica e coerente.
   Na semana passada, escrevemos que as eleições misturam a emoção e razão, permitindo variadas interpretações sobre tudo que circunda o pleito. Este é mais um desses fatos que o leitor/eleitor pode tirar suas conclusões.
   Quem sabe, estão aí mais explicações para os pífios resultados do nosso sistema educacional.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Eleitores e imprensa precisam estar atentos


   As eleições provocam as mais variadas reações e interpretações dos eleitores e candidatos. Mistura-se a emoção com a razão e a iminente possibilidade de alcançar o poder. Na maioria das vezes, isto é perigoso.
   A prevenção força uma necessária interpretação e olhar crítico sobre tudo que está ao nosso redor nos próximos dois meses.
   No domingo, um vereador e candidato à reeleição de Lajeado teve sua casa alvejada por oito tiros de revólver calibre 38. O fato foi registrado na polícia, que segue com as investigações. Esperamos os resultados.
   Há poucos meses, outro candidato foi assaltado, feito refém, amarrado no mato e teve o carro incendiado. As investigações seguem. Chama a atenção a recorrência de fatos dessa natureza nesta época do ano.
   Mas, não é só agora. Durante a campanha eleitoral há oito anos, um dos candidatos a prefeito de Lajeado registrou na polícia que teria sido assaltado. Tempo depois se descobriu que era armação para ganhar mídia e apelo para sensibilizar os eleitores.
   A relação dos casos recentes, como aquele de oito anos, não comprova ou assemelha as situações. Aliás, seria leviano e injusto fazer tais comparações e acusações. Isto é papel da polícia.
   A observação deste colunista é apenas para alertar a sociedade e a imprensa sobre os reais destaques que determinados temas merecem. Os desdobramentos e formas como sucedem-se os fatos abrem brechas para desconfiança e sensacionalismo. A polícia inclusive não descarta motivações políticas nos dois casos, envolvendo vereadores lajeadenses.

Prefeito e vice de Progresso


   Olhares atravessados e acusações pessoais marcam o encontro entre os dois candidatos a prefeito de Progresso. Nessa terça-feira, mesmo com todas as animosidades, compareceram ao debate eleitoral promovido pelo jornal A Hora. Salvo resvaladas, apresentam projetos e permitem aos eleitores do município, analisar e interpretar as melhores propostas de governo a partir de 2013. Ao contrário de outros concorrentes à majoritária do Vale, Edegar Cerbaro (atual prefeito) e Luis Fernando Dalcin (atual vice-prefeito), com a relação estremecida por uma série de desencontros nos últimos anos, enfrentam os debates e assumem compromissos públicos.
   O resultado está nas páginas 10 e 11, nas quais o eleitor tem um documento daquilo que pode esperar de seu futuro prefeito e cobrar a efetivação das promessas. Debate nada mais é do que dizer ao povo o que pensa, acredita e quer fazer com o dinheiro público. Quem se nega a participar, foge do compromisso que a democracia faculta.

Fim dos Democratas


   A intervenção do DEM nacional na aliança entre o partido e o PT, em Lajeado, pôs fim à existência do Democratas no município. O ex-deputado Marquinho Lang é o primeiro a abandonar a sigla. Os demais integrantes sairão de maneira gradativa, até o fim das eleições. Recém filiados, como o ex-progressista Waldir Blau, também estão descontentes com a intervenção.
   Para o deputado Onyx Lorenzoni, um acordo com candidatos do PT à prefeitura é incompatível com a ideologia defendida pelo DEM. Lang afirma que a executiva estadual tem algo contra Lajeado, mas se nega a falar o quê. Entretanto, aponta uma incoerência: em Torres, o mesmo DEM apoia a candidata à prefeitura, Nilvia Pereira, do PT.
   Depois dessas confusões, qual é a credibilidade que os partidos é os políticos conseguem
transimitr aos seus eleitores?

Vales do Taquari e Rio Pardo juntos

   A Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT) ganha, amanhã, a adesão da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires, a Caciva. Um fato marcante diante de um histórico de barreiras e distanciamento entre os vales Taquari e Rio Pardo. A união das entidades representa acréscimo importante na força política e estratégica regional.    As bandeiras erguidas pela CIC-VT desde 2005, quando foi criada, são os motivos da coalizão das instituições. Liderada por Ardêmio Heineck, a câmara do Vale tem sido intermediadora entre a região, o estado e instituições comerciais e industriais, como Fiergs, Federasul e outros, para atrair investimentos, conquistar obras e desenvolver o potencial econômico. A assinatura da junção das duas entidades ocorre às 16h  na sede da Caciva.

Candidatos fogem do compromisso


   Debates eleitorais, em rádio, jornal ou televisão são oportunidades para candidatos detalharem projetos e planos de governo (que nem sempre existem). Aos eleitores, são fer­ramentas para conhecer melhor seus representantes e interpretar as ideias. É o momento de perceber se o candidato deixa de lado os projetos pessoais, partidários e ideológicos para pensar no desenvolvimento coletivo.
   O jornal A Hora começou sua série de encontros com candi­datos nessa terça-feira. Dolo­res Kunzler (PP) e Elir Sartori (PMDB), candidatos a prefeito de Sério, eram os primeiros a expor seus projetos. Apenas um compareceu.
   Sartori, entre uma série de desculpas e justificativas, alegou enfermidade de sua mulher, e que teria de acompanhá-la em consulta médica. Sua ausência comprometeu a essên­cia do debate, mas não impossibilitou que Dolores Kunzler apresentasse suas prioridades de governo, mesmo que superficiais. (veja na página 11).
   Os eleitores de Sério não tem a oportunidade de cotejar as propostas dos dois concorrentes. A lamentá­vel decisão de rejeitar um debate eleitoral provoca um entendimento de fuga e de medo em assumir compro­missos diante da população.
    A fuga não se resume ao candidato de Sério. Esta se­mana, Ricardo Kich (PP) e Larry Röhrig (PT), de Marques de Souza, acordaram na Justiça que não participarão de nenhum debate, indiferentemente do veículo de comuni­cação. É a forma, segundo eles, de evitarem “confrontos pessoais e picuinhas”. Ao relacionarem debate a este tipo de confronto, se esquecem que o teor de um embate de ideias depende dos autores. Quem tem propostas específi­cas e concretas não precisa atacar o concorrente ou se ater a questões partidárias.
   Mesmo com a rejeição inicial de meia dúzia de candi­datos, o jornal A Hora e os demais veículos de comunica­ção continuam apostando nos debates como ferramenta democrática importante nesta campanha eleitoral. A população tem direito de conhecer com clareza e precisão o que pensam e querem os futuros administradores de suas cidades. As promessas publicadas na imprensa servem de documento para que todos, durante o mandato dos eleitos, possam acompanhar o seu cumprimento.

Acordo esdrúxulo


   É um desrespeito à população de Marques de Souza o que seus dois candidatos acordaram em juízo com relação às suas condutas durante a campanha. Documentar na Justiça de que é proibido comprar votos em Marques de Souza.
   O mínimo que se espera dos candi­datos, seja onde for, é que apresentem propostas arrojadas e coesas e que conduzam suas campanhas baseados em princípios éticos e morais, susten­tados pela Constituição Federal (CF/88). Comprar votos é crime em Marques de Souza e em qualquer lugar do Brasil. Portanto, usar essa prerrogativa para assinar em juízo é subestimar a inteli­gência dos eleitores daquele município.
   Antes do acordo, comprar voto ou subornar o eleitor não era crime? Ao me imaginar cidadão marques-souzense, fica um sentimento de descrença e indo­mável preocupação sobre o que esperar do futuro prefeito. Ir na Justiça registrar que comprar voto é proibido, beira o caos. Ou falta um projeto para apresen­tar a sociedade.

Lajeado e mais 53 cidades do Brasil


   O anúncio de que Lajeado foi selecionada como possível sub­sede para a Copa do Mundo de 2014 reanima a região ao ponto de aproveitar com mais intensi­dade os benefícios proporciona­dos pelo maior evento mundial.
   A Fifa nomeou 54 cidades brasileiras, das quais sete gaú­chas, para receber uma seleção mundial. A proximidade com a região metropolitana – pouco mais de cem quilômetros – a construção da nova e moderna arena do Lajeadense e a garan­tia de edificação de um novo hotel até 2014 são os principais motivos da indicação do Vale.
   A partir de agora, começa uma corrida contra o tempo para consolidar Lajeado na Copa e definir estratégias regionais para “vender” o Vale do Taquari como região turística e atraen­te.    Está aí, o que faltava para arregaçarmos as mangas e perceber que os reflexos econô­micos da competição podem “chacoalhar” a região.