quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Em que Brasil podemos acreditar?

   Recentes notícias, de âmbito nacional e regional, deram alento e otimismo para este Brasil de tantos problemas e injustiças. Estamos diante de uma histórica prisão do ex-ministro José Dirceu, condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa no esquema do Mensalão. Sete anos depois, quando a esperança se dissipava, a roubalheira deflagrada é repudiada, desta vez pelo Judiciário.
   Outro aspecto é a iminente aplicação da lei que obriga as empresas a detalhar nas notas fiscais os valores dos impostos pagos pelo consumidor ao governo na hora da compra dos produtos e serviços.    Cada cidadão acompanhará o quanto paga a mais pela gasolina,  comida do restaurante, compras do supermercado, água, luz ou qualquer outra conta, porque o Brasil é um dos líderes em cobrança de impostos no mundo: 36%.    Será a oportunidade de compreender a realidade cruel de nossas empresas, obrigadas a financiar um Estado ineficiente e perdulário em vez de investir em suas evoluções.   Será um dado tangível que convoca para o combate por uma carga tributária mais justa e transparente. A medida só aguarda a sanção da presidente Dilma Rousseff, já que os deputados aprovaram. Em 1988, antes mesmo de termos direito ao voto, se escreveu num capítulo da constituição de que uma lei determinará que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Vinte e quatro anos depois, após uma campanha com 1,5 milhão de assinaturas pelo Brasil, a decisão, finalmente, será cumprida.   Na região – valendo-me de um importante bairrismo para nos enquadrarmos neste cenário – o badalado caso envolvendo sumiço de 42 pneus da Prefeitura de Lajeado, teve mais um episódio nessa sexta-feira.    Doze ladrões foram condenados, no entanto, apenas quatro cumprirão pena no regime semiaberto. A exemplo do Mensalão, o furto de pneus foi registrado em 2005. O julgamento foi em primeira instância, o que abre a possibilidade de defesa para os condenados.   Guardadas as proporções, os três momentos acima, retomam a esperança de sermos uma sociedade com o mínimo de justiça.   Uma semana depois dessas notícias animadoras, uma “cachoeira de água fria” é derramada sobre o otimismo precoce. Corrupto, julgado e sentenciado, Carlinhos Cachoeira acaba de ser liberado do presídio em que cumpria pena desde fevereiro.    Mesmo confirmado como principal personagem de um esquema de corrupção envolvendo o governo federal, apurado em CPI no Congresso Nacional e que lhe custou o mandato de senador, Cachoeira conseguiu a liberdade com base na frouxidão do código penal brasileiro.   Estamos acostumados ao palavrório difuso e repetitivo dos políticos sobre impunidade, produtividade e honestidade. Os casos, José Dirceu, Carga Tributária e Pneus passam dos discursos de “gravatês” para fatos concretos, entendíveis por cada um. A raridade desses atos os torna ainda maiores e simbólicos, enquanto que deveriam ser o sinônimo de qualquer falcatrua, injustiça e exagero deflagrado no poder público. Estávamos diante um cenário esperançoso e otimista, mas a libertação de Carlinhos Cachoeira recoloca no topo as palavras vazias e incrédulas que digerimos a anos. Está difícil saber no que acreditar.

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