sexta-feira, 8 de março de 2013

A criminalidade avança sobre nós

   Brutal, rápido, absurdo. E o pior: rotineiro. A morte – mais uma – registrada no centro de Lajeado, esta semana, interrompe a vida do gesseiro Anderson Martinelli, de 26 anos. Rixa, desentendimento, drogas, mulheres. Estes são supostos motivos que teriam levado dois motociclistas a desferirem seis tiros contra o corpo de Martinelli, quando ele chegava ao trabalho, por volta das 7h30min dessa terça- feira. Como está fácil matar. Como está simples resolver conflitos, dívidas, rancores com meia dúzia de tiros e acabar com a vida de infaustos.       O número de homicídios ocorridos em Lajeado neste ano é assustador. São três em menos de dois meses de 2013. A polícia investiga. Tentará encontrar culpados e puni-los. Mas a vida do operário se foi! Penso no filho da vítima, para referir-me aos  familiares. Com 1,5 anos, sequer sabe que o pai foi morto brutalmente e crescerá sem a figura do pai biológico. O jornal  A Hora desta edição, em sua página 11, conta o ato banal ocorrido nesta semana e que ainda domina conversas pelas ruas da cidade. Gostando ou não de ler e ver sobre tragédias, não podemos ser hipócritas e querer fingir que não existe. O leitor tem o direito de ver e ser contra ou a favor. Mas é importante que reflita. Afinal, a criminalidade avança sobre nós em intensidade capaz de nos atropelar e convencer que é normal. Pois, não é!
FOTO: RODRIGO MARTINI


Aliás

   O corpo de Martinelli ficou estatelado por mais de quatro horas à espera dos profissionais do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre. Um problema registrado a cada homicídio, suicídio, ou  acidente fatal que necessite de perícia. Desde 2010, intensifica-se a tentativa de trazer à região uma central do IGP, capaz de agilizar o atendimento. Além de virar local de “visitação” de curiosos – como mostra a foto ao lado – a demora para a retirada do corpo causa desconforto e expõe desnecessariamente a família. Aplausos para a Alsepro, que ontem definiu como prioridade a busca por uma central do  IGP em Lajeado. Melhor se terá apoio de mais entidades e líderes.

R$ 18,6 milhões para pavimentação

   O ex-secretário de Governo de Lajeado, Isidoro Fornari, informa à coluna que o município será contemplado com R$ 18,6 milhões para pavimentar 16 ruas. Projeto específico foi encaminhado no fim de  2012, com intermédio do deputado federal Gerônimo Goergen (PP). Ontem, o parlamentar garantiu que o dinheiro está empenhado e será transferido a Lajeado nos próximos meses, após o prefeito Luís  Fernando Schmidt ser chamado em Brasília para assinar o contrato. O valor será suficiente para pavimentar 142 mil metros quadrados de estradas municipais. Além de Lajeado - única do Vale - 22  cidades gaúchas serão contempladas com recursos referentes a segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento (Pac-2). Imperioso é salientar que: empenho não significa dinheiro em caixa  do município. A comemoração só pode acontecer no dia em que o valor estará na conta do governo municipal. Até lá, aguardemos! 

Leite mais limpo

   O projeto piloto de sanidade leiteira avança pela região. Ontem, o secretário estadual da agricultura, Luís Fernando Mainardi, esteve em Estrela, na maior bacia leiteira do Vale. Ouviu do prefeito Rafael  Mallmann (PMDB) a possibilidade de o município se integrar ao projeto de erradicação da brucelose e tuberculose bovina. Dessa forma, passa de dez o número de municípios que irão sanear todas as  propriedades rurais e servir de exemplo ao estado e país. O caminho para o Vale dos Lácteos, passa pela sanidade. Ver o secretário de estado sair do gabinete e fortalecer o trabalho dos líderes regionais  encoraja produtores a aderir ao projeto. O programa de rastreabilidade do rebanho bovino e bubalino no estado deve ser lançado em setembro. Mainardi antecipa que será em cidade do Vale. Serão  investidos R$ 15 milhões para a distribuição de brincos e compra de leitores e outros equipamentos.

“Pagam para ver”

FOTO: Asfalto /RICARDO DE MORAES
   Os moradores lindeiros das rodovias VRS-811, que liga Arroio do Meio a Travesseiro, e VRS-482, até Capitão, recebem mais uma promessa de pavimentação. Desde o início da década de 90, sucedem-se  garantias que não passam de retóricas dos governantes que trocam a cada quatro anos. São necessários cerca de R$ 22 milhões para asfaltar 6 e 16 quilômetros, respectivamente. Reunião desta semana,  entre representantes municipais com o governo do estado, leva nova expectativa à população que sofre com barro, poeira e buracos. A promessa é de que as obras comecem ainda neste ano.  “Escaldados” de tantas desilusões, moradores “pagam para ver”.

Novos gestores, velho problema

   De novo. O Pronto-Socorro do Hospital Bruno Born (HBB) mais uma vez lotou no feriadão, com destaque para a segunda-feira, quando pacientes ficaram até sete horas – isso mesmo – na fila. Nenhuma  novidade, assim como não surpreende – mas incomoda – a “paralisia” das autoridades diante do problema. Ele é velho e clama por soluções há anos. Pergunto: diante da demanda regional conhecida, é  plausível fechar todos os postos de saúde quatro dias seguidos? Lajeado tem 71 mil habitantes que dependem dos atendimentos no PS.    Somam-se a estes, milhares de pessoas de outros municípios que recorrem à unidade do HBB em caso de emergência. Só a sorte e obra do acaso seriam capazes de evitar a superlotação. Mas, as duas são descartáveis quando o assunto é saúde. A Unidade de    Pronto  Atendimento (UPA) é a promessa de solução, mas sua abertura sequer tem data. O próximo feriadão está previso para o último fim de semana de março, na Páscoa. Passa longe de cem mil o número de  pessoas que dependem de um ou no máximo dois médicos plantonistas que atendem no Pronto-Socorro durante os feriados. A cena confronta o discurso dos candidatos de todos os municípios que  prometem em suas campanhas eleitorais: saúde é prioridade. Se fosse, intercalavam profissionais em alguns postos de saúde e abririam as unidades pelo menos algum período.

A propósito

   Segunda-feira sequer era feriado e salvo repartições públicas, boa parte dos setores produtivos e de serviços trabalhou. Por que todos os postos de saúde fecharam? Imaginemos se mercados, postos de  combustíveis, coletores de lixo, taxistas, rodoviárias também resolvessem parar de sexta a quarta-feira, a exemplo de prefeituras e bancos. Os valores parecem invertidos, pois o privado funciona, e o  público para. É uma prática enraizada que só alimenta o descrédito com o serviço público.

Por outro lado

   Os secretários de Saúde, em especial de Lajeado, reclamam do alto valor que já é repassado ao HBB todo o mês. Alegam impossibilidade de manter serviço de plantão aberto nos postos de saúde devido  ao custo elevado. Que seja, mas é passada a hora de sentar à mesa todos os representantes de município e dividir a conta conforme o uso de serviços. Se o hospital recebe, precisa cumprir as responsabilidades. A população não pode continuar sendo lesada pela inoperância. 

Indústria de multas

FOTO: RICARDO DE MORAES
   A alta velocidade empregada por motoristas na BR-386 se tornou uma fábrica de multas. O radar móvel da Polícia Rodoviária Federal flagrou mais de 2,8 mil acima do limite permitido entre sexta-feira e  a manhã de ontem. A maior rigidez da Lei Seca diminuiu o número de embriagados ao volante, por outro lado, o limite de velocidade continua ignorado por milhares. No mesmo período do ano passado,  73 foram autuados. Nos comandos Rodoviários da Brigada Militar, 71 condutores foram multados nas rodovias estaduais pela mesma infração. Em Cruzeiro do Sul, na ERS- 453, foram flagrados 48  motoristas, enquanto em Teutônia, na Rota do Sol, foram 23 flagrados. O feriadão custará caro. 

Preço baixoantes da hora

   As liquidações individuais e antecipadas ao tradicional Liquida Lajeado confrontam lojistas da cidade. Na intenção de atrair consumidores no período de “vacas magras”, muitos proprietários de lojas  baixaram preços na intensidade da promoção conjunta, que sempre ocorre no fim de fevereiro. As liquidações irritam os lojistas que aguardam pelo lançamento da campanha promovida pela Câmara de  Dirigentes Lojistas (CDL). Inclusive, cobram regulamentação mais rígida e punição para quem for desrespeitar as datas.

Música pelas ruas

   As inovações culturais a serem implementadas pelo secretário de Lajeado, Eduardo Gomes Müller, quebram paradigmas. Num futuro próximo, pretende espalhar pela cidade, artistas, de preferência com  habilidades de música gospel e clássica, para descontrair os lajeadenses no início do dia. Sanfonistas, tecladistas, pianistas e outros serão intercalados em locais e ruas da cidade. A cara cultural da cidade  começa a mudar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Cupim e ratos consomem a história

   É uma vergonha! A matéria da página 8 expõe uma realidade deplorável com a história lajeadense e de seus imigrantes alemães. Um acervo de materiais em total abandono está tomado por cupim, ratos e traças. 
   A coluna retoma assunto da semana passada com sentimento de indignação ainda maior. Ao abandono da ciclovia, soma-se o Parque Histórico. Como pode uma administração pública desprezar o próprio patrimônio? 
   A cultura e tradição de um povo são suas identidades. É imperioso preservá-las e propagar para as futuras gerações. O Parque Histórico de Lajeado foi inaugurado em 2002. Casas e estilos que marcaram a época da colonização no século XIX foram reproduzidas e reconstruídas para oferecer material de pesquisa e estudo, valorizando as origens dos primeiros habitantes da cidade e região. 
   Onze anos depois materiais acima de 150 anos se perdem em meio aos ninhos de ratos e aos assoalhos apodrecidos que retratam o estado de algumas  casas. Equipamentos musicais, documentos datados de 1800, livros, doações de utensílios domésticos, artefatos de guerra, ferramentas de trabalho estão ignorados.
   Os sucessivos investimentos de dinheiro público – que ultrapassa centenas de milhares – e meia dúzia de funcionários, que ficam no parque todos os dias, foram insuficientes para cuidar das riquezas encontradas no local.
   Do novo secretário de Cultura, Eduardo Gomes Müller, vem a garantia de reformas e preservação, que não se faz apenas com o exercício da retórica. É preciso agir, e o alento é ver um especialista no comando da Secretaria Municipal. Seu desafio é grande: causar uma transformação à altura das ambições culturais de uma cidade-polo. 

!

   O crescente número de acidentes de trabalho no campo serve de alerta. Esta semana mais uma morte por descuido e imprudência foi registrada. A falta de orientações e a ignorância quanto ao uso dos equipamentos básicos de segurança aumentam o risco de quem está exposto ao perigo. 

Efeito manada

   O aumento de 70% na venda de extintores na região comprova o quanto a tragédia de Santa Maria despertou a sociedade. O maior rigor na fiscalização anunciado pelos bombeiros e administradores públicos é outra reação após a morte de 238 jovens no centro do estado. 
   Todas as iniciativas no sentido de melhorar a segurança da população merecem aplausos. Resta esperar se elas são fruto de uma conscientização contumaz ou apenas reflexo de um impacto midiático e social provocado pela catástrofe. 

Menos blindado

   No primeiro mês de governo, o prefeito de Lajeado Luís Fernando Schmidt, já apareceu mais em ações públicas, reuniões e entrevistas do que Carmem Regina Cardoso nos últimos anos. A ex-prefeita era “blindada” por seus assessores, que a mantinham enclausurada no gabinete e a protegiam de qualquer confronto maior com a sociedade. Entrevista à imprensa só com muita insistência, mesmo quando o tema era pertinente à manifestação da chefe máxima do Executivo. 
   Schmidt adota postura diferente. No último fim de semana, participou de um mutirão de limpeza nos trevos da cidade. Acompanha as atividades de seus comandados e confirma discursos de campanha, baseada no diálogo e “contato” com os cidadãos. 
   Resta esperar se esse “fôlego” persistirá durante os quatro anos e não se resume a  uma tentativa de impressionismo ou impacto social. 

Demorado

   A intervenção do prefeito com ações e determinações urgentes é aguardada sobre o conserto das calçadas da rua Júlio de Castilhos. Estragados há meses – quando houve troca dos postes que sustentam os fios de energia elétrica –  os passeios estão em estado deplorável. São perigo para usuários e deixam impressão de relaxamento e abandono. 

Indignação popular e as lições da tragédia

   A tragédia que chocou o Brasil e parte do mundo completa quatro dias. Por mais que a vida, e não haveria de ser diferente, volte ao normal em Santa Maria e no estado, ainda resta dor para ser descrita. De norte a sul, de leste a oeste, de A a Z, veículos de comunicação nacionais destacam o tema em todos os noticiários. Este é um daqueles momentos em que o jornalismo se defronta com os limites da  linguagem. Que palavras escolher? Que fotos publicar? Uma tênue linha separa a notícia relevante do sensacionalismo. Adiante. À medida que as investigações avançam, reforça-se o sentimento de  indignação e de revolta. O caminho direciona para a omissão, mais uma vez. Desastre anunciado face a desobediência contumaz da legislação – no caso específico, sobre o funcionamento das casas de  espetáculo. Como podem estar espremidos 1,5 mil pessoas num local em que deveriam estar no máximo 800? Como pode as autoridades permitirem o funcionamento de um estabelecimento sem  alvará, sem saídas de emergência, sem luzes de sinalização e com extintores de incêndio vazios ou quebrados? Quanto mais informações oferecem os jornais, as televisões e as rádios, mais perguntas se  acumulam e nenhuma delas conduz a uma resposta aceitável. Aliás, inexiste resposta aceitável para as 235 famílias de jovens vitimados. Isso será obra do tempo. O povo cobra por justiça.    Instiga as  autoridades a encontrar culpados, e que os erros sirvam de lição para que se mude a mentalidade deste país do “jeitinho” e que tragédias da dimensão não se repitam. Por toda parte surgem notícias de  mobilizações de administradores públicos, que correm para as gavetas checar alvarás.    Convocam reuniões para ampliar a fiscalização e a rigidez. Todos movidos pelo impacto e o tamanho da tragédia  ocorrida em Santa Maria. Palmas à iniciativa. Ponto. Que esta voraz corrida às boates e salões de festa na região não se limite ao período que a mídia mantenha o assunto em destaque. Ponto de  exclamação. O que me move nesta escrita é um misto de lamento e indignação por tantos jovens que se foram, além da certeza de que outros mais ficarão pelo caminho, arrastados pela “tempestade” da  ilusão desenfreada. Este é o resultado de um modelo político que, há décadas, opta por injetar bilhões em novos estádios de futebol e não se preocupa em providenciar locais menores, seguros e agradáveis para receber festas e shows.

A história tem mais valor

Foto: Marcelo Gouvêa

   Lajeado comemorou 122 anos no último sábado. A Hora publicou o caderno Pensar Lajeado, que entre outras abordagens, abriu espaço para manifestações e questionamentos a 50 lajedenses. Aos  elogios e congratulações dos leitores pela publicação: obrigado! O que faz o colunista retomar o aniversário, ofuscado pela tragédia – ainda mais histórica – ocorrida em Santa Maria, é o estado em que  se encontra o local onde pisaram os primeiros imigrantes que constituíram a cidade. A ciclovia à beira do rio e a calçada, que teria sido construída por escravos no século XIV, estão tomados pelo capim.  Caminhar pelos locais é deplorável. Triste e inseguro. As escadarias que dão acesso ao Rio Taquari, em desuso e abandono. O que poderia e deveria ser explorado para trabalhos escolares, ou no mínimo  preservado, é refúgio de usuários de drogas, que se escondem em meio a capoeira. Trilhos para pessoas se parecem com ratoeiras. Há poucos metros, uma creche. Um alento surge a partir do Comitê  Gestor, formado por moradores do centro da cidade, que trabalham para reconstituir a parte antiga da cidade. Pela omissão de sucessivas administrações municipais, que ignoram a história e a cultura, percebe-se que além da falta de um planejamento ordenado, Lajeado não sabe valorizar suas riquezas.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Diminuindo o impacto

   Na mesma intensidade com que o governo federal entusiasmou o povo brasileiro ao anunciar redução de 16% na conta da energia elétrica, desanima quando aplica 7% de aumento no preço da gasolina. 
   A economia prevista com a diminuição dos gastos com energia vai para o ralo com o acréscimo no preço do combustível. A confirmação de aumento será dada pelo governo na próxima semana.    Argumentos e alegações serão carregadas para tentar justificar o acréscimo, coincidentemente, na mesma semana em que a presidente Dilma Rousseff autorizou redução nas contas de luz.    De início parecem ser manobras políticas, em que o governo tenta equilibrar o impacto negativo de um reajuste exclusivo no combustível. Não se pode esquecer que o valor da energia precisava baixar porque houve aumento real de 80% entre os anos de 2005 e 2012.      A diferença é que isso não é alardeado. 

Nova tentativa para casa própria

   O vereador Sérgio Kniphof (PT) soma-se a lista de presidentes do Legislativo lajeadense com intenção de construir sede própria para a câmara. A precariedade e descompasso das instalações no Genes Work & Shop aliada aos R$ 7,3 mil mensais pagos em aluguel são justificativas plausíveis para a iniciativa. 
   Não bastante, o aumento do número de vereadores (questionáveis) e por consequência, o de assessores (exagerados), lotou os espaços alugados, insuficientes para abrigar mais de 50 pessoas, sem contar os visitantes. Kniphof antecipa gasto mínimo na construção da sede e descarta o projeto “babilônico” de quatro andares, com vários auditórios, garagens, etc, apresentado por presidentes na legislatura passada.   Palmas ao presidente por ser mais comedido e realista diante de tantas outras prioridades candentes do município. Ocupar a praça Mário Lampert, que virou reduto de vândalos e usuários de drogas nos últimos anos, é outro acerto, visto que foram investidos R$ 30 mil na criação do projeto para sede nova em 2006 para aquele local. Agora, resta saber se o discurso sairá do papel ou será mais um gestão a ficar na tentativa. 

Justiça libera área da escola técnica

   O imbróglio que travava a liberação da área destinada para a futura Escola Técnica Federal foi resolvido nos útimos dias. O terreno estava penhorado por um credor do Esporte Clube Olarias, que cobrava indenização por ter sido agredido no local. 
   Com o aval da Justiça, o prefeito Luís Fernando Schmidt pode ceder a área ao instituto e as obras, finalmente, começarão. A escola terá capacidade de atender 2,1 mil alunos e será fundamental para qualificar a mão de obra regional. 

Tiro no pé

   Foi no mínimo surpreendente o discurso do vereador Mozart Lopes (PP) na sessão ordinária dessa terça-feira, ao assumir o lugar de Lorival Silveira (PP). Agora na oposição, admitiu que o trânsito de Lajeado está caótico, com carros demais e infraestrutura de menos. 
   Mozart está certo, mas não teve tal interpretação durante os últimos anos em que foi homem forte no governo da prefeita Carmem Regina. Reconheceu mudanças inúteis feitas no seu mandato como secretário de Obras e pediu paciência com o secretário Adi Cerutti. 
   Com certeza não era isso que a sociedade lajeadense esperava depois de tanta insistência e discursos  inflamados de Mozart. Para as necessidades e urgências de Lajeado, não há tempo para paciência, muito menos protelar soluções inadiáveis. 

Aliás

   Por falar em governos anteriores, é irritante e vergonhoso o estado calamitoso com que prefeitos entregaram as chaves das prefeituras para seus sucessores. Salários atrasados, máquinas sucateadas, dívidas acumuladas e falta de crédito. 
   O A Hora faz um levantamento em todos os municípios do Vale do Taquari sobre a situação financeira e estado dos equipamentos recebidos pelo prefeito. A reportagem será publicada nas próximas edições. 
   A disparidade entre administrações públicas é flagrante e expõe verdadeiras desgraças Brasil afora. É vital que o Ministério Público atue com mais rigidez, deflagre os administradores incompetentes e irresponsáveis, que administram o dinheiro público com desdém e jogo partidário. 

Prometeu e cumpriu: como isso é raro!

Vereadores de Lajeado contratam mais assessores e somam 42, ao contrário do que muitos deles prometeram na campanha eleitoral. O custo total nos próximos quatro anos passa de abusivos R$ 5 milhões.
   Atitude do deputado federal mais bem votado no Brasil, José Antônio Reguffe (PDT-DF), é digna de reconhecimento. Fez no primeiro dia o que prometera na campanha. Abriu mão dos salários extras (14º  e 15º) que os parlamentares recebem, diminuiu de 25 para nove o número de assessores, reduziu em mais de 80% a cota interna do gabinete e recusou o vale- -moradia e as passagens aéreas disponíveis aos parlamentares. Justificativa: “Quero provar que é possível exercer o mandato parlamentar gastando bem menos e desperdiçando menos dinheiro dos cofres públicos ... é importante a existência de  um Legislativo forte. Mas as casas legislativas no Brasil são muito gordas e deveriam ser bem mais enxutas.” O exemplo se choca com as alegações inócuas da maioria dos senadores, deputados e vereadores, de que é necessário um “caminhão” de assessores e incontáveis benefícios para conseguirem desenvolver seus trabalhos. Trazemos o fato para a realidade regional e aterrissamos na câmara de Lajeado,  onde os 15 vereadores provocam um “rombo” nos cofres do município. R$ 5 MILHÕES só em assessores nos próximos quatro anos. Nem contamos as despesas com telefone, subsídios mensais e outras  benesses. Por mais que tentem argumentar, inclusive atacando a imprensa por cobrar economia, os vereadores ignoram a sociedade. Muitos deles chegaram ao poder com a promessa  de reduzir os gastos e profissionalizar a gestão. Duas semanas foram suficientes para fracassarem. Na primeira oportunidade para diminuir o número de assessores, fizeram o contrário. Votaram por  mais. O dinheiro público, que vai pelo ralo na câmara, deveria estar aplicado na educação (déficit de quase 500 vagas nas creches), na habitação (famílias que sequer têm banheiros e moram à beira dos  rios), na segurança (assaltos e homicídios aumentam todos os dias), na saúde (pessoas mendigam por atendimento nos postos), na infraestrutura (faltam abrigos de ônibus para trabalhadores) e por aí  vai. Mesmo que os parlamentares inflamem seus discursos a favor da comunidade, os fatos mostram que caminham na contramão. Aliás, a função deles não é pedir luminárias, troca de canos,  patrolamento de ruas. Em Lajeado, a maioria manda os assessores percorrerem a cidade anotando pedidos por serviços básicos para contentar o eleitorado e se perpetuar nos cargos. Elaboração de  novos projetos e fiscalização das ações públicas não são prioridade. Estamos no início do novo mandato. Quem sabe o exemplo do deputado Reguffe, de Brasília, se multiplique e ganhe discípulos pela região. A política está carente de  eleitos que cumpram o prometido. 

Cuidado, buracos!

   A troca de postes de luz no centro de Lajeado, feita pela AES Sul em novembro, danificou boa parte das calçadas na rua Júlio de Castilhos. Quase dois meses depois da conclusão da obra, comerciantes e pedestres reclamam da demora para arrumar as calçadas. Ontem à tarde, enquanto o colega Ricardo de Moraes fotografava os locais, usuários pediam providências. Tânia Antunes, 56, parou para falar com a coluna: é bom colocar no jornal mesmo. Ontem (terça-feira), tropecei nas lajes quebradas e quase caí. Isso é um desrespeito”. O trajeto para os deficientes visuais, que já estava comprometido  porque os postes obstruem as vias, ficou pior. Se o serviço de refazer as calçadas não compete à administração municipal, é dela o compromisso de cobrar agilidade dos responsáveis. Aliás, o problema  das calçadas de Lajeado é caso para ser estudado e planejado com mais apreço. 

Valores invertidos

   A imprensa regional tratou o comparecimento integral de Luís Fernando Schmidt às sessões da Assembleia, em 2012, com exagerado destaque. Como se fosse heroico participar de todas as reuniões. A  assiduidade de Schmidt pode ser enaltecida diante da ausência demasiada de seus colegas. No entanto, o ex-deputado, ao participar de todas as reuniões, cumpriu com seu papel, a exemplo dos  trabalhadores comuns, que também comparecem todos os dias aos seus trabalhos. Nada mais!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Desarticulação compromete a AgroInd

   O anúncio do adiamento da Agroind abre 2013 pelo avesso. Que rasteira no projeto criado para ser esteio da principal fonte econômica regional: o agronegócio.
   Transferir a feira é regredir e reconhecer nossa inoperância e desarticulação política. Desde que a informação foi publicada, há cerca de duas semanas, estamos quietos, conformados, encolhidos. Ardêmio Heineck, presidente da CIC-VT, tenta mobilizar e articular a iniciativa privada, mas é pouco. “Uma andorinha não faz verão”. 
   A AgroInd Familiar é vitrine nacional. Abro um parênteses para me arriscar a dizer que, mesmo incipiente, já se trata da principal feira para o Vale: tem foco definido, público estratégico, mercado garantido e muito espaço para evoluir. Mas isso não basta para o estado e a União entenderem que o desenvolvimento da região está atrelado à produção de alimentos. 
   Um velho problema remonta-se sobre o tema. Falta força e articulação política para o Vale.    Nosso único deputado federal, que poderia intermediar reuniões em Brasília, mobilizar prefeitos regionais e as bancadas gaúchas na câmara, prefere disputar cargos na administração de Lajeado. Enio Bacci parece mais preocupado em acomodar amigos e fortalecer o PDT do que levantar uma bandeira de interesse da região. Na Assembleia Gaúcha estamos órfãos por completo.
   Das entidades locais, as da iniciativa privada ensaiam movimentos, mas esbarram na inércia das públicas. A Amvat há horas não se envolve nas questões candentes. A ignorância do estado e da União com a Agroind não é suficiente – mas deveria – para incomodar prefeitos, sobretudo dos municípios onde a economia é sustentada pela agricultura familiar.
   Estão aí, mais uma vez, expostas nossas fragilidades políticas, que muitos insistem em ignorar e esconder. O Vale do Taquari é menor do que poderia ser por essas resistências e limitações articulistas. A AgroInd é a prova.

Empossados para ganhar férias

   Que absurdo! Os vereadores de Arroio do Meio foram empossados na segunda-feira, 31. Juraram honrar os seus eleitores, agradeceram pela confiança, prometeram muito trabalho e pronto. Entraram em férias por dois meses. Cada um dos 11 eleitos ganha R$ 3.734,92 para ficar em casa, salvo o prefeito Sidinei Eckert convoque uma sessão extraordinária. Em Estrela, as férias serão de um mês, concedidas duas semanas depois da posse.
   Um luxo que só consegue quem faz suas próprias regras. A bancarrota seria o provável destino de um empresário que contratasse 11 funcionários e concedesse férias por 60 dias sem fazerem nada. Depois, os municípios não têm dinheiro e a culpa é do FPM, da estiagem, do dólar. Quanta incoerência.

Expectativa

   A direção da Uambla está na expectativa para retomar a cobrança do estacionamento rotativo nas principais ruas da cidade, impedida desde ontem a tarde. O contrato com a administração de Lajeado espirou no último dia 31. O prefeito Schmidt deve mandar novo projeto à câmara, que tem sessão hoje.

Disputa estapafúrdia por cargos

   Acordos entre os partidos durante a campanha eleitoral definem os cargos a serem assumidos nos governos. O velho jargão: “toma lá da cá”. São combinações de praxe que acompanham a classe. Não  poucas vezes, essas alianças se rompem, antes mesmo de assumirem os devidos postos. Em Lajeado, a incompatibilidade entre cargos e quantidade está isível e atrapalha o prefeito eleito Luis Fernando  Schmidt antes de começar o governo. O deputado Federal Enio Bacci (PDT) um dos líderes da chapa eleita – que discursou em comícios, falou em programas de rádio e televisão, visitou famílias, articulou militantes, etc – ameaça romper o acordo porque não conseguiu cargos suficientes para seu partido. Então me pergunto: qual o motivo e a estratégia que levaram Bacci a falar que Schmidt era o melhor  para Lajeado, se dois meses depois de eleito, já o critica, condena? Não receber cargos é justificativa para largar o projeto coletivo? Onde ficam as promessas que assumiu ao lado dos vencedores? A  resposta a essas perguntas resumem-se numa palavra: incoerência. Engana-se quem pensa que só o PDT é predador. Salva-se pouco – para não generalizar – partido que não é movido a isso. A falta de  conduta e descarada malandragem fazem da política um covil de aproveitadores e mantêm nossos governos inertes e pirrônicos. Por essas discrepâncias que amarguramos pífios índices de ensino, saúde,  segurança e em especial desenvolvimento. Só para lembrar: da quase dezena de partidos que ganhou as eleições ao lado de Schmidt e Vilsinho, o PTB de Antônio Scheffer há horas não fala a mesma língua.     Alguém imagina o motivo?
Bacci e Schmidt traçaram metas antes da campanha, definiram estratégias e venceram. Dois meses depois das eleições muda o discurso
Foto: Rodrigo Martini/Arquivo

Prefeito inaugura obra inacabada

   O prefeito entregará a chave da prefeitura com três inaugurações de obras. O problema é que uma delas não está pronta. O asfaltamento da ERS-130, em Bom Fim, Cruzeiro do Sul, prevê três quilômetros de pavimentação, dos quais dois estão concluídos. Mesmo assim, Rudimar Muller (PT) cortará a fita do trecho que está concluído. Cabe ao futuro prefeito, Leandro Marmitt (PP), o “Dingola”,  buscar dinheiro para cumprir a promessa do trecho restante.

Secretaria da Mulher em Estrela

   A criação da Secretaria da Segurança não é a única inovação do prefeito eleito de Estrela, Rafael Mallmann. Além da pasta que será assumida pelo vereador Cristiano Nogueira da Rosa, Mallmann  pretende anunciar a Secretaria da Mulher, em março, aproveitando as comemorações do Dia Internacional, comemorado no dia 8. Se consolidar, será a primeira secretaria específica no Vale do Taquari.  As justificativas para a decisão estão sendo montadas pelos eleitos, mas o fortalecimento feminino na política deve estar entre os motivos.