quinta-feira, 28 de junho de 2012

Solte o verbo, leitor, critique!



   Obra aberta. Conceito criado pelo escritor e pensador italiano Umberto Eco em livro de mesmo nome, no qual afirma que um escrito comporta várias leituras. Refere-se a livros, não a jornais.
Jornais tratam de fatos do cotidiano, não de teses. O jornalista persegue a verdade factual, que nunca é absoluta. Sua contestação pode vir de vários lados. Cabe ao jornalista apurar, investigar exaustivamente para que reste o mínimo de dúvida sobre uma matéria a ser publicada. Total garantia inexiste. O importante é a boa intenção do repórter. O relato em jornal está sempre exposto à crítica.
A imprensa, além de fornecer aos cidadãos as informações confiáveis e necessárias para serem livres e se autogovernar, deve tirar a população da letargia. Retirar o leitor da zona de conforto. O conhecimento lhes fornece segurança, mas tem de trazer elementos que sacudam suas vidas.
A sociedade é plural. É um truísmo. Há sempre interesses conflitantes e muitos pontos de vista em jogo. O jornal deve trazer à luz os fatos ocultos ao levar esclarecimento a este embate. Sem impor qualquer versão ao leitor. Tão-só estabelecer uma relação entre estes fatos e permitir que venha à tona o mais relevante. Depois é com o cidadão.
Criar um fórum. Estimular o debate, desafiar as pessoas a defender suas ideias é uma maneira do jornal refletir sua comunidade.
"O A Hora quer uma relação de vaivém com o leitor e o convida a participar do processo. É um ato de transparência. "
Aponte suas dúvidas, exponha críticas tanto sobre o mundo em que vive, quanto sobre o jornal que lê.
O A Hora entrega a página 2 ao leitor. Faça sua leitura e dê sua interpretação, tal qual apregoa Umberto Eco. Publicaremos os trechos mais importantes, até 15 linhas, para que todos tenham vez. Ataques gratuitos, injúrias, difamações e cartas anônimas não serão publicadas. Críticas serão bem-vindas. Ponha a boca no trombone. Use e abuse de seu espaço.

Paradoxos da sociedade



Foto: C.K.
O crack avança, destrói e assusta. Aniquila famílias e aumenta os índices de homicídios. A droga que surgiu no Brasil há cerca de 20 anos, com consumo associado à população de rua, faz traficantes aumentarem seus lucros.
Realidade presente nas grandes metrópoles avança cada vez mais para o interior e desafia o estado brasileiro a buscar soluções nas áreas de prevenção, de atendimento aos dependentes e da repressão ao tráfico. Os resultados vêm a passos lentos.
No Vale do Taquari, Lajeado, a cidade-polo, concentra 22% da população regional e lidera os índices de tráfico. Os assassinatos relacionados ao “negócio” já fazem parte do cotidiano lajeadense.
A polícia prende num dia e solta no outro. A legislação é falha. O Fórum de Enfrentamento a Drogadição, criado há quatro anos, tenta, insiste, mas sente falta de apoio e investimentos. O centro de tratamento médico do Hospital Bruno Born (HBB) está sempre lotado. Os profissionais da área estão encurralados pelo desenfreado avanço e pela inexistência de ferramentas e de programas públicos de combate.
Enganam-se os que veem essa realidade como exclusiva de Lajeado. O drama é nacional, mas nosso compromisso é regional.
 Para combater e reprimir a drogadição são necessários investimentos e conscientização popular sobre um problema crônico em que todos precisam fazer sua parte.


Enquanto isso...
O governo de Lajeado gasta quase R$ 1 milhão em ineficientes e improvisadas “ciclofaixas” por toda cidade, que refletem um paradoxo. Não pela ideia, mas pela forma que foram construídas. Pintar acostamento de vermelho e delimitar com “olho de gato” não é fazer ciclovia. O exemplo positivo está na beira do rio (foto 4), onde a ciclovia foi planejada e construída adequadamente. Desta vez, se precipitaram.
As fotos 1,2 e 3 abaixo foram feitas ontem pela manhã e dispensam explicações. Retratam a situação em que se encontram vários trechos das ciclofaixas construídas há poucos dias.

Fotos: Rodrigo Martini

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vereadores se “lixam” para a opinião pública


Foto: Rodrigo Martini

   Não foi dessa vez que a Câmara de Vereadores de Lajeado fechou a “torneira da gastança”. Pelo contrário, o projeto de lei que era para reduzir, aumentou em R$ 2 mil o valor que os vereadores ganharão a partir da próxima legislatura. Para piorar, serão mais cinco legisladores a partir do próximo ano.  O discurso de alguns foi para iludir o eleitor, pois desde 2009 a Justiça retém R$ 1,9 mil mensais de cada legislador, devido a irregularidades na votação dos subsídios em 2008. Com a votação de terça-feira, as despesas aumentam sim, pois o valor antes retido pela Justiça, agora será recebido pelos vereadores. O subsídio passa dos atuais R$ 3,5 mil para R$ 5,5 mil. Portanto falar que não haverá aumento é blablablá.
As cerca de 50 pessoas que foram à câmara assistir à votação foram ignoradas pela maioria dos vereadores. Só Sérgio Kniphoff (PT), Hugo Vanzin (PMDB), Delmar Portz e Rui Reinke, o Adriel, ambos do PSDB, foram a favor de reduzir os subsídios em R$ 3,5 mil. Todos os outros querem mais.

   A propósito
   Não me lembro de outro período, nos últimos três anos e seis meses, em que os vereadores de meia dúzia de municípios foram notícia tantas vezes. 
   Em 2009, o deputado Sérgio Moraes (PTB), de Santa Cruz do Sul, proferiu a seguinte aberração: “Estou me lixando para a opinião pública”. Toda a imprensa repercutiu a frase, repudiada por cada brasileiro. Moraes disse e fez. Nas câmaras daqui, não falam, só fazem. Faço a relação, pois em dois dos maiores municípios do Vale – Lajeado, Estrela, Teutônia e Encantado – os vereadores IGNORARAM a voz do povo e aumentaram o número de vereadores e os subsídios. Pesquisas de opinião pública, protestos e movimentos pelas redes sociais foram insuficientes para sensibilizar os representantes do povo. A cara de pau prevaleceu.

Briga pelos “cochos”


Na Câmara de Vereadores de Santa Clara do Sul, a disputa entre Legislativo e Executivo é de quem contrata mais. O argumento é: se um contrata outro também pode. É estapafúrdia a justificativa, que só serve para inchar a máquina pública, que nestas épocas, se transforma ainda mais em cabide de emprego.
O papel do vereador seria fiscalizar o trabalho dos servidores da administração municipal e denunciar qualquer tipo de ineficiência e excesso. Agora, se valer do exagero para cometer outro, é incoerência. Santa Clara do Sul tem cerca de seis mil habitantes. Nove vereadores já têm três assessores. Querem mais.

Candidato único em Westfália


Os cinco partidos constituídos em Westfália decidiram, na terça-feira, que Sérgio Marasca (PT) será o único candidato a prefeito em outubro. Otávio Landmeyer será seu vice, repetindo a dobradinha das eleições passadas. Os partidos da oposição, formada por PDT e PSDB, projetam corrida própria para vereador, com 10 a 14 candidatos. A decisão dos oposicionistas está baseada no trabalho de Marasca na gestão atual. “Precisamos pensar no bem do município e não nos partidos. O Marasca fez um ótimo trabalho, por isso não faremos oposição”, reconhece à coluna, Evanete Horst Grabe, presidente do PDT.
O fato não é inédito no Vale. Há quatro anos João Davi Goergen (PT), de Boqueirão do Leão, teve o mesmo privilégio. Reelegeu-se sem oposição. Nos anos 90, Elton Klepker (PTB) também não teve oposição na segunda vez que concorreu à Prefeitura de Teutônia.

Foto que fala




  A foto é do colega Rodrigo Martini feita em um protesto legítimo de moradores de Cruzeiro do Sul, cobrando atendimento nos postos de saúde. Mas além de problemas na saúde, a cena retrata o descaso da nossa educação. Que sirva de exemplo para os agentes políticos realmente fazerem por merecer.

Reconhecimento


A perspicácia e dedicação do secretário da Indústria e Comércio de Lajeado, Carlos Alberto Martini, para garantir a Instituto Técnico Federal no município é elogiável. Inclusive, Martini assumiu o compromisso da colega Rejane Ewald, que responde pela Secretaria de Educação e deveria, teoricamente, conduzir esta “peleia”.
Ontem, apresentou à coluna uma pilha de documentos com informações de dezenas de áreas oferecidas – mas negadas – ao MEC. Martini conduz o trabalho com profissionalismo, sem envolvimento partidário que é de “praxe” nesta época. É isso que se espera de um homem público.
   O projeto que oficializa o Instituto Técnico em Lajeado deverá ser encaminhado à câmara até a próxima sessão, na terça-feira.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Negociatas pelo poder


   
   Na política, negociações em busca do poder sempre ocorreram. Infelizmente. O que chama atenção neste momento é a avalanche escancarada de troca de cargos e benesses entre os partidos.
O jogo de interesses está explícito e ignora qualquer compromisso ideológico e a fidelidade aos programas partidários. Ora vejamos: no dia 5 de novembro de 2009, o PSDB reuniu seus militantes e anunciou romper a coligação com o governo e o PP de Lajeado porque não recebeu o número de secretarias desejadas. Passou a fazer oposição ao atual governo, a tal ponto, de anunciar coligação com outros sete partidos.
Passados seis meses dessa união – que se esfarelou – o PSDB volta a “comer no prato em que cuspiu” há pouco mais de dois anos. Bastou o PP ceder duas secretarias para o PSDB anunciar seu apoio nas eleições de outubro. Simples assim: toma lá, dá cá. Usamos esse caso por ser o mais recente, mas eles se repetem pelo Vale, estado e país. Aliás, em proporções e quantidade muito maiores.
Negociam-se cargos de secretários sem avaliar capacidade técnica específica, gerencial ou de gestão. O que importa é o “cocho”. O trabalho e atendimento à população vêm em segundo ou terceiro planos. Os interesses pessoais e eleitoreiros prevalecem em todas as circunstâncias e atropelam qualquer programa em andamento. A Secretaria de Cultura de Lajeado terá três diferentes chefes em menos de três meses. Questiona-se: onde fica a qualidade do serviço? O que a sociedade ganha com essas trocas? A preocupação é com as eleições ou com o serviço público? As respostas se encontram nas entrevistas e declarações evasivas dos agentes. Ou então, no desempenho e andamento dos trabalhos.

Três vias em Forquetinha

   O município de Forquetinha terá, pela primeira vez, três candidatos a prefeito. O motivo é a divisão das oposições. Silvio Schmitz (PTB) não aceita ser vice do PMDB, que também não abre mão da cabeça de chapa. Os dois anunciam pré-candidatos a enfrentar o atual prefeito Waldemar Richter (PP). Schmitz, inclusive, contratou ontem Fabiano Diehl para ser o coordenador de campanha.

Demagogia e ignorância à opinião pública


Todas as críticas, lamentações e revoltas a respeito do aumento de dez para 15 vereadores em Lajeado são inócuas e em vão a partir de agora. O prazo para revogar a lei de aumento das vagas, votado em 2011, terminou. Não tem volta. Serão R$ 6 milhões de gastos a mais na próxima legislatura, contando o subsídio atual e a quantidade de assessores.
O projeto que Antônio Schefer (PTB) tentou apresentar na terça-feira é o retrato da demagogia do autor e da falta de consideração à opinião pública de seus colegas vereadores. Desde que aprovaram mais cinco vagas no Legislativo, nenhum dos dez vereadores esboçou qualquer atitude de revogar a lei ou apresentar alguma proposta que pudesse evitar que as “porteiras da gastança” se abram ainda mais a partir de 2013. Ignoram, dessa forma, a opinião de 90% dos lajeadenses, que em pesquisa encomendada pelo jornal A Hora, em abril passado, reprovaram o aumento do número de cadeiras na câmara municipal. O povo repudiou também o subsídio recebido pelos atuais legisladores. Mas ali, há uma esperança de redução.
O presidente Rui Olíbio Reincke (PSDB), o “Adriel”, prometeu, para a próxima semana, colocar em votação o projeto que diminui em 40% o valor dos subsídios dos agentes políticos. São três projetos relacionados a vereadores, prefeito, vice e secretários. Isso permite que a incongruência da matéria elaborada por Adriel seja corrigida. É incoerente comparar os trabalhos e as responsabilidades do prefeito e secretários com as dos vereadores. Começa pela carga horária e termina nos compromissos.

Arrependimento em Encantado

   Os vereadores de Encantado se arrependeram do que votaram e, na última sessão, o presidente Eldo Orlandini encaminhou dois projetos: um para manter o número de vereadores em nove e não 11, conforme aprovado em abril; e o outro para reduzir o subsídio de R$ 5,5 mil, aprovado também em abril, para R$ 3.980. A pressão popular repudiando os gastos fez os vereadores recuarem das decisões. Os projetos devem ser votados na reunião da próxima segunda-feira.