quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Secretarias viram cabides de emprego

   A definição da equipe de governo nas administrações públicas sempre alimenta expectativas e renova entusiasmo na sociedade. Mesmo descrentes, os eleitores mantêm minúscula esperança nas promessas eleitorais. Este ano, não é diferente.
   A primeira missão de um prefeito é pensar na evolução coletiva da sociedade, trabalhar para melhorar a renda, saúde, educação, segurança e a qualidade de vida das pessoas. Para corresponder, um grupo de profissionais capacitados e responsáveis é indispensável.    Escolher os secretários é tarefa número 1, em que se alia (deveria, pelo menos) o conhecimento técnico/teórico com a afinidade partidária e política.   Quem acompanha as definições dos novos secretários pelos municípios do Vale comprova diferenças gritantes – quase paradoxais. A junção das habilidades teóricas e partidárias cede espaço para um “cabide de emprego”, em que partidos políticos acomodam pessoas e cargos a partir de alianças firmadas durante a campanha eleitoral. Suas condições de gerir secretarias são preteridas por amizades e apadrinhamento.   A maioria dos prefeitos da região definiu os nomes do alto escalão de governo. Surpresas positivas são notáveis. Mas, na mesma intensidade percebe-se total falta de habilidade, conhecimento e capacidade de determinados escolhidos para comandar setores como indústria e comércio, esporte e lazer, agricultura e outros, tão relevantes para garantir uma gestão eficiente e sustentável.   Sobressai-se um amadorismo enraizado que atrapalha os desempenhos de gestões públicas. Partidos e grupos de apoio não deveriam impor nomes e lotear a administração municipal. Deveriam impor vetos e soar alarmes, sempre que o prefeito cogitar nomeação de um desonesto ou despreparado. Secretários nomeados por pressão política ou familiar tendem a privilegiar tais grupos e enlameiam a administração municipal.   A escolha de secretários, quando equivocada, gera descontinuidade entre as gestões e semeia desconforto. Secretários que atuam como arautos partidários ou “quebra-galhos” de amigos desmotivam o quadro funcional e comprometem a qualidade. Cargos comissionados, portanto, não deveriam ser presentes a amigos nem objetos de barganha entre grupos políticos.

  Subsídios incompatíveis

   Pelas funções e responsabilidades, convém reconhecer que o subsídio pago aos secretários municipais na maioria das cidades está aquém do necessário. Pasmem, pois em muitos, os valores equivalem-se aos recebidos pelos vereadores, o que é um total contrassenso.
   Essa desvalorização do cargo alvoroça os comandantes de partidos a acomodar os mais habilidosos politicamente e impede (pois os acordos foram preestabelecidos) o prefeito de escolher quem irá compor seu quadro com base na experiência e no conhecimento. Enquanto permanecer este amadorismo impregnado, será difícil qualificar os altos escalões nos executivos.

  A propósito

   Nem todas as cidades são iguais. Em Westfália, por exemplo, o prefeito teve dificuldades para compor as cinco secretarias. Dois atuais preferiram deixar o cargo para voltar às atividades privadas e fizeram o prefeito lançar sucessivos convites a líderes locais, indiferentemente de partido. Um exemplo de que não é necessário, como muitos pregam, combinar empregos antes de chegar ao poder. Está aí, talvez, um dos motivos para o município ser destaque no Índice de Desenvolvimento Humano no país, motivado por uma eficiente gestão pública.



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