O governador Tarso Genro (PT) atendeu ao pedido da maciça maioria de gaúchos, ao negar renovação dos contratos com as empresas que exploram o pedágio no estado. Mais que isso, antecipou o encerramento dos trabalhos em um semestre, o que significa que a passagem estará liberada nas rodovias federais a partir de 2013. Nas estaduais, o governo cria uma empresa pública que administrará os serviços, com a garantia de diminuir o valor. A estimativa é reduzir dos atuais R$ 6,70 para R$ 4,70, 30% a menos.
No Vale do Taquari – que é cercado por quatro praças de pedágio – o maior impacto ocorre em Marques de Souza e Fazenda Vilanova, onde as cancelas serão abertas sem perspectivas de novas cobranças, uma vez que o estado repassou a BR-386 ao governo federal. O pedágio com a tarifa mais cara do país será extinto. Em Marques de Souza é cobrado, inexplicavelmente, o dobro do que nas outras praças de cobranças. A única a não comemorar é a administração municipal, que obtém do pedágio, importante, senão a principal fonte de renda orçamentária. Surge aí, um novo desafio para o prefeito a ser eleito: criar alternativas de renda e repor o déficit que se projeta.
A atitude do governador é, portanto, um alívio para os bolsos de motoristas, que há 14 anos pagam fortunas por um serviço que não reverte em obras de relevância. As concessionárias exploram os pedágios sem investir em melhorias significativas nas estradas. É inegável que a sinalização e a conservação das estradas melhoraram. Mas, cadê os trevos, as duplicações, viadutos, rótulas? A resposta está no grande e justo motivo da revolta contra os pedágios.
O desafio, a partir deste momento, é criar uma empresa pública responsável que estipule um valor condizente à necessidade de manter boas estradas e fazer obras viárias inadiáveis. Abrir as cancelas e simplesmente se deixar levar pela emoção de não pagar nada é no mínimo temerário. Não adianta eliminar as cobranças e voltarmos a ter rodovias malconservadas, cheias de buracos. Cobrar é necessário, mas o justo.
A oportunidade do governo estadual é mostrar que a atitude não foi para jogar para a torcida, mas sim, parar com a mamata – como próprio governador associou – e usar o dinheiro arrecadado para reinvestir nos serviços públicos.