quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Baixaria – Vereadores mantêm o nível


"Se continuarem a ignorar o fenômeno contemporâneo e tentarem convencer o eleitorado se valendo de demagogias e discursos inflamados, estes políticos clássicos estarão dando um tiro no pé."

A política no vale pede uma reflexão mais aprofundada. Nesta semana, permanecemos no mesmo diapasão. Quem aguardava pelo desenvolvimento de uma nova cena pública, mudança de mentalidade, de costumes e de postura dos nossos atores políticos, colheu frustração. O teor do debate parlamentar de nossos "ilustres edis"  é a propagação exaustiva de picuinhas e de interesses pessoais defendidos com falso ardor republicano.  Recebem belos subsídios e proferem discursos vazios. O país mudou. Os políticos continuam os mesmos. O povo agora tem acesso a informação e passa a exigir honestidade no trato da coisa pública. Os políticos arcaicos ignoram o clamor das ruas e tratam o público como privado, e deles. Agem como se houvera feudos patrimonialistas incrustados no Vale. Cegos, surdos e mudos, esquecem que representam 70 mil lajeadenses e outros tantos no entorno.
Desta feita nomearemos os autores. Questão de justiça. Lembremos, todavia, que outrora, outros já cometeram deslizes criticáveis. O embate entre Rui Reinke (Adriel), Paulo Tóri e Círio Schneider foi descabido.
Demonstraram desconhecimento do regimento e partiram para a baixaria. O pugilato que se avizinhava foi impedido pela interrupção providencial, que permitiu a volta da normalidade.  Na retomada, a vereadora Eloede Conzatti apelou à razão. Criticou o comportamento dos colegas e o classificou como vergonhoso e infame.
Há tempo fala-se da desqualificação dos políticos brasileiros. Haja vista a débâcle da Europa e dos Estados Unidos, este despreparo é global. É verdade que temos hoje uma maior publicização dos atos oficiais, que chegam de forma mais transparente à esfera pública. O direito a esta transparência que é devido legalmente a opinião pública é garantido por uma imprensa livre e atenta. Dá-se assim o controle  aos mal intencionados. 
De volta a realidade provincial. Terça-feira plenário vazio. "Tudo como dantes no quartel de Abrantes". Leia-se "quartel de Abrantes" significando a maioria das casas legislativas do Vale do Taquari. A participação popular nas câmaras também é inexpressiva. O povo deixou de pensar que os negócios públicos lhe dizem respeito? Terá se tornado uma massa apolítica identificada só com a subcultura? Se omite por desilusão, ou por alienação? Cabe aos homens públicos sérios fazerem o diagnóstico e ofertarem o remédio. 
A proximidade das eleições é o momento de engendrar respostas criativas e estas perguntas em lugar da criação de slogans. A mera luta por interesses particulares deve se subordinar a uma lógica coletiva que estipula uma outra ordem, a da ética. Se continuarem a ignorar o fenômeno contemporâneo e tentarem convencer o eleitorado se valendo de demagogias e discursos inflamados, estes políticos clássicos estarão dando um tiro no pé.

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