O SUS é ineficaz. A cada dia, novos descasos escancaram a fragilidade de um sistema que falha há tempo. O mais recente e bombástico, com repercussão nacional, é o drama da mãe Elisiane San Martins, de Santa Vitória do Palmar, que percorreu 530 quilômetros , “mendigando” por atendimento numa UTI neonatal para dar à luz seus filhos gêmeos, que nasceram prematuros.
Esta mazela enfrentada por Elisiane estampa o dia a dia de milhares de gaúchos. Agendar consultas por meio do SUS é o prenúncio de uma peregrinação. Realizar cirurgias eletivas ou de média e alta complexidade é quase utópico. Muitos ficam pelo caminho.
No Vale do Taquari, o SUS reduziu em 59 o número de leitos nos hospitais nos últimos cinco anos. A situação vai de encontro ao aumento populacional, que clama por mais. Na página 8 da edição de hoje, matéria confirma a carência regional. Em Lajeado, por exemplo, 704 pacientes aguardam por cirurgia eletiva (mais comum). O problema é que o Hospital Bruno Born (HBB) só realiza no máximo 22 por mês. Para atender a demanda – sem surgir novos casos – seriam necessários 2 anos e oito meses.
Tamanha fragilidade do sistema fez os vereadores de Lajeado quererem repassar R$ 1 milhão da câmara para os atendimentos eletivos. Louvável a iniciativa, mesmo que possa indicar uma clara promoção pessoal. Afinal, as eleições serão em 2012. Mais que isso, abre precedentes. Outros lajeadenses baterão à porta dos vereadores pedindo dinheiro, independentemente da área.
Corroborado o descaso público em relação aos atendimentos do SUS, piora-se a situação a medida que o problema é “varrido para debaixo dos tapetes”. Anunciam-se apenas ações paliativas. Enquanto o estado e a União não assumirem suas responsabilidades de atender a população, o povo terá de se contentar com a “boa vontade” dos líderes municipais.