A obra de duplicação da BR-386 parecia ocorrer sem percalços ou surpresas. Só parecia. Um ano depois de se iniciarem os serviços aparece uma série de ameaças que podem interromper os trabalhos. Seria uma “tragédia regional” do tamanho das tantas que se acumulam em acidentes ao longo do trecho não duplicado. Em uma semana morreram cinco.
As desconfianças que pairam sobre a obra, invocadas com veemência desde a semana passada, merecem uma reflexão mais aprofundada. A demora na liberação das jazidas e o desacordo entre Funai e Dnit para expropriar 20 famílias de indígenas que se instalaram às margens da rodovia – em faixa de domínio, portanto, ilegal – são os motivos reais, dignos de preocupação.
Mas, a reflexão que se exige perpassa estas burocracias brasileiras enraizadas e direciona-se para as estratégias políticas regionais e o planejamento coletivo. A autopromoção de autoridades de que somos uma região mobilizada estrategicamente precisa ser revista. É ilusão.
Nesse caso da duplicação, fica saliente a inexistência de um discurso unânime das entidades. Assim que derrubaram as primeiras árvores para duplicar os 33,3 quilômetros entre Tabaí e Estrela, começou uma quimérica mobilização para duplicar a BR até Tio Hugo. Mudou-se o foco. Se dissipou a equipe de líderes que por tantos anos se doaram para conseguir a duplicação em direção a capital. A pressão sobre o governo e Funai diminuiu.
A água está batendo no pescoço. A Conpasul – construtora responsável – já adia a previsão inicial de término da obra. A CIC-VT e a Acil assumiram a bronca e correm atrás do tempo. Precisam de apoio.
Os imbróglios que cercam a obra de duplicação da BR são exemplos claros de que as entidades de classe estão distantes. Cada qual cria prioridades, projeta ações e busca recursos. O Codevat (Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari) – que deveria concentrar as ideias – está desarticulado. Os representantes políticos só aparecem em inaugurações e sempre na berlinda dos problemas. Cadê os deputados federal e estadual do Vale para intervir na questão? Onde está a mobilização dos prefeitos? Não são eles que detêm a força política?
Há tempo a região cresce menos que o estado ... o PIB é apenas um exemplo.
Os imbróglios que cercam a
obra de duplicação da BR
são exemplos claros de que
as entidades de classe estão distantes
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