Foto Rodrigo Dias |
A reverência e a exaltação às autoridades no dia sete de setembro diminuem. Discursos inflamados sobre civismo não convencem mais. Timidamente, o cidadão está acordando. Ontem, em vários cantos do país, protestos contra a corrupção, desigualdade social, descasos da saúde pública, violência, marcaram as comemorações da independência.
No Vale do Taquari, o protesto se resumiu a um grupo de soldados da Brigada Militar, que afixou faixas nas passarelas sobre a BR-386 (veja foto), cobrando salários melhores.
É inegável que as orquestras e bandas sinfônicas emocionam e orgulham o brasileiro. Mas só por alguns minutos. Ao som da última nota ou batida no tambor, se volta a uma realidade deprimente. Afinal, que independência comemoramos?
Honestamente, o Brasil melhorou muito nas últimas décadas, mas está muito aquém de um país justo e democrático, com seu povo independente.
# Que independência é essa ... em que os vereadores decidem aumento do número de vagas sem dar bola a maioria absoluta de pessoas contrárias?
# Que independência é essa ... onde um carro novo custa 30% mais do que em países como Argentina (mesmo em crise) só por causa dos impostos e do lucro exacerbado das montadoras?
# ... onde a imprensa ainda é censurada?
# ... onde os deputados e senadores aumentam livremente seus salários, enquanto a Brigada Militar precisa mendigar e se corromper para ganhar mais?
# que independência é essa ... onde se confirmam roubalheiras, desvio de dinheiro público, descaminho, e a justiça não age. Não prende?
# que independência é essa ... onde presídios e hospitais estão abarrotados com a desculpa que falta de dinheiro, enquanto o governo investe R$ bilhões para construir estádios de futebol?
# ... com ruas esburacadas, trânsito infernal, transporte coletivo ruim, permeado por apagões e por uma poluição insana?
Mesmo que não concordemos com os absurdos, assistimos a tudo como se fosse um filme ruim que nos ameaça impunemente. Ou nos mexemos, ou em breve tudo custará o dobro, a roubalheira continuará e a impunidade avança, porque quem cala, e aceita quieto, consente.
Como país do futebol, preferimos, muitas vezes protestar contra tropeços da seleção brasileira, do que a favor da civilidade.
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